terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Poema 1 - Chegámos aos dias frios

Chegámos aos dias frios,
e não sabemos o que fazer
para o coração não resfriar.
Ainda há pássaros nas árvores
e as ruas são pântanos descoloridos na noite,
mas já não conseguimos escutar as nuvens
e os olhos fecham-se de cansaço.

Nenhum ocaso nos comove,
a nós que ao poente espreitámos,
na fímbria agreste da terra.
Os barcos zarparam
e levaram com eles a água
onde os meus olhos poisavam,
nos gélidos dias em que dos teus partiam.

4 comentários:

  1. Muito bom. Excelente começo. Não virei todos os dias, mas hei-de visitar este locus horrendus (até me agradam lugares destes no Romantismo) sempre que tiver algum tempo. Sei que valerá a pena tendo na memória os excelentes textos que publicou no A Ve o Mundo de saudosa memória.
    Aprecio particularmente o final do poema, vagamente alusivo, quiçá sem querer, a Senhora Partem Tão Tristes...bem, como se trata da inauguração não poderia faltar. Que o Senhor tenha piedade de si e de todos nós. Obrigada.

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  2. Muito obrigado. Foi espontâneo, no acto da escrita, mas apercebi-me de imediato dessa presença tutelar, e como não se devem afrontar os nossos maiores, ela lá ficou como homenagem.

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  3. Fica por saber se me comovi quando li ou se reli porque me comovi.
    Um abraço

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