domingo, 22 de janeiro de 2012

Poema 15 - Tanto sentimento aberto no peito


Tanto sentimento aberto no peito,
promessa em dia de vendaval,
faz-te tremer as mãos,
se as poisas delicadas sobre a mesa.

O teu lugar não é neste jardim
onde tudo secou às primeiras chuvas.
O rumor das bacantes avança pelas estradas
e os olhos seguem-no ávidos de ritmo.

Os bosques esperam o sangue
desse corpo que dança sob a neblina
e despido cai entre folhas e musgos.

De tanto sentir o coração cedeu
e a terra extasiada arde de pavor
perante a noite que sobre mim caiu.

2 comentários:

  1. O soneto imperfeito está perfeito, como sempre numa escrita que toca a alegoria e paira lá no assento etéreo que é a poesia. Muito bom.

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  2. Muitíssimo obrigado. Nem sempre se consegue chegar ao assento etéreo. A lei da gravidade atrai continuamente para baixo, para o que há de mais terrestre e físico, embora o assento etéreo também não seja metafísico.

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