quinta-feira, 19 de abril de 2012

O desvario do fanatismo

Marc Chagall - O Sacrifício de Isaac


Há muito que se tinha compreendido que o governo ia muito para além da mera questão política. Passos Coelho e Vítor Gaspar visam uma regeneração moral dos portugueses. Gente pecadora, deve agora ser duramente castigada com a pobreza e a indigência por ter imaginado que tinha direito a uma vida decente. Perante os avisos do FMI (do FMI, note-se) para as catastróficas consequências das actuais políticas, Vítor Gaspar mostra uma crença digna de uma fundamentalista evangélico. O fanatismo do ministro chega ao ponto de afirmar que as pessoas estão dispostas a sacrificar-se pelo programa da troika. Quando os negócios públicos e a gestão da vida de uma comunidade está entregue a fanáticos e moralistas só podemos esperar o pior. Ao contrário de Abraão que escutou o anjo e não sacrificou o Isaac, Gaspar e Passos dispensam a intervenção angélica do FMI. O pecado e a arrogância do povo português foi de tal ordem que a estes justiceiros morais não resta outra alternativa que não seja a desobediência e proceder ao sacrifício dos portugueses no altar da seu fanatismo liberal. Talvez um dia destes Vítor Gaspar descubra que o cordeiro não está para ser imolado à sua distopia. 

2 comentários:

  1. Até estremeço de ver o 'meu' Chagall aqui misturado com essa distópica criatura.

    Como hoje lá tenho um post sobre Marc Chagall quando vi a imagem do seu fiquei toda curiosa, pensando eu que estaria aqui a escrever sobre ele. Percebo muito bem o que diz - e subscrevo - e percebo também a escolha desta pintura mas teria mesmo que a usar juntamente com esse sujeito que ainda não percebeu que a vida real não se resume a power-points e mini-modelos para uso académico?

    Enfim, já refilei (...e não foi consigo, claro, foi com essa criatura que aí anda entretido a destruir o país).

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    1. Tem toda a razão, o pobre do ministro não merece o Chagall nem como suporte de crítica, mas como vinha a propósito...

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