domingo, 1 de abril de 2012

Poema 34 - Todos aqueles palácios ardem na memória


Todos aqueles palácios ardem na memória.
As estátuas derrubadas deixam pelo chão
Um rasto de sangue e um lugar vazio.
Súbita, a sombra da lira de Orfeu cresce,

Uma desmesura acompanha a morte de Pã,
E os teus dedos, Antígona, cobertos de pó,
São ramos secos do loureiro abandonado:
Trémulos pássaros na casa do esquecimento.

Por que voltamos sempre a ti, pátria amada?
Olho-te, aurora, berço do meu berço,
Luz incandescente vinda do secreto coração.

Levanto-me e escrevo-te nesta madrugada.
Uma última canção, uma pobre elegia?
Não, apenas o sopro do espírito ao arder.

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