sábado, 7 de abril de 2012

Poema 37 - Sábado de Aleluia


Interlúdio. Corpo habitado pela morte,
Corpo inclinado para a vida.
As ácidas maçãs deixadas ao sol,
O cheiro a pedra lavada, tracejada
Pela melancolia das horas que passam.

Escutavam a tua voz ao anoitecer,
Estrelas, luas, anjos no jardim das oliveiras.
O teu nome está suspenso
Neste dia entregue ao descanso,
Neste sossego lento que é a morte.

Nas ruas, sol e moscas, o ganir dos cães,
Pressa das mulheres presas ao mênstruo.
Solícitas ao ardor, algumas rasgam vestes,
Entregam o corpo à primeira palavra,
E esperam exaustas a glória da ressurreição.

4 comentários:

  1. Bom, está consciente de que a fasquia foi colocada bem alto?

    Estou curiosa pelo poema que vai marcar o momento da ressurreição.

    Que os céus o inspirem que nós, aqui nas ruas da amargura, estamos sedentos de saber o que aí vem.

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    1. Muito obrigado. Veremos se a coisa acaba bem ou não. Nestas coisas, como em todas as outras, não há garantia de nada. Nem sempre o espírito está inclinado para onde deveria.

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  2. "Começar de novo
    e contar comigo
    vai valer a pena
    ter amanhecido"

    Aqui, no eterno conforto do sofá oiço a Simone (brasileira) cantar esta maravilhosa música de Ivan Lins.
    Oiço-a há anos e hoje dei comigo a pensar que fala de ressureição...

    Amanhã volto, curiosa...

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  3. Veremos que ressurreição será ainda possível, ou que ressurgir irrompeu no texto. Mais daqui a um pouco.

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