segunda-feira, 18 de junho de 2012

Vigiar exames

Jesús de Perceval - Adán (1930)

E disse em seguida ao homem: "Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar. (Génesis 3:17-19)

Se alguém acha que não deve levar a mitologia bíblica a sério, então anda muito distraído. Por vezes, também me distraio, mas não há nada que umas vigilâncias de exame não resolvam. Mostram, em cada um dos infinitos segundos que as compõem, aquilo que sou e o lugar que me cabe. Estar de vigia é suspender a existência e concentrar-se no acto de olhar. A vigilância dos exames é uma reminiscência anacrónica de um mundo que já acabou, mundo esse que tinha como núcleo simbólico o panóptico de Bentham. Isso, porém, são contos de outro vigário. O que agora me interessa - um interesse ressentido, claro - é o interesse de Adão pela fruta. Não haveria outra sobremesa? O paraíso teria assim uma cozinha tão displicente que levasse o pobre, em desespero de causa, a aceitar a maldita maçã? É evidente que se Adão tivesse vigiado durante três horas um exame, sem poder fazer o que quer que seja a não ser circular e olhar, até um semifrio teria preferido à fruta que a Eva lhe oferecia. É o que dá a falta de experiência. 

29 comentários:

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    1. O pior é que para adquirir alguma experiência, mesmo para quem está no começo, há que fazer qualquer coisa e cada coisa que se faz é irrevogável. Talvez o sentido mais forte do mito da Queda esteja na irrevogabilidade das nossas acções. O que foi feito não pode ser desfeito. Resta o perdão.

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  2. Eheheh! Tens razão, Jorge, granda analogia. Como eu te compreendo.

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    1. Só quem passa por aquilo sabe como o tempo, em certas ocasiões, quase suspende a sua passagem. Não é o tempo que passa, mas o tempo que não passa.

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  3. O que é que a "mitologia bíblica" (o que quer que isso seja) tem a ver com o panótico de um utilitarista inglês, em tudo contrário à tradição da moral cristã?

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    1. Mitologia bíblica refere-se ao conjunto de mitos que fazem parte da Bíblia. Exemplo: o mito da Criação, o mito da Queda, o mito de um Salvador nascido de uma virgem, etc.

      O panóptico de Bentham não está referido, no meu texto, aos mitos bíblicos mas a um certo (indeterminado) mundo que já acabou. Esse mundo que deixei indeterminado é o mundo moderno tal como ele foi moldado no Ocidente, moldado por várias coisas entre elas o utilitarismo. Achei que não valia a pena aborrecer os leitores com esclarecimentos adicionais sobre o assunto.

      Mas, já agora, o panóptico de Bentham pode ser contrário à moral cristã, mas não será preciso muita imaginação para perceber como a Confissão, enquanto prática de certas igrejas, se pode relacionar com o panóptico do senhor Bentham. Ainda sem abusar excessivamente da imaginação, poderíamos dizer que o panóptico é um confessionário concentrado.

      Espero ter respondido às suas dúvidas.

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    2. Respondeu que nem sabe o que diz e mostrou que é jacobino.

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    3. V. nem consegue distinguir cosmogonias de dogmas religiosos e é professor.

      Tente aprender primeiro que assim dá mau aspecto.

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    4. Fica-se então a aguardar que este pobre jacobino possa aprender a diferenciar dogmas religiosos e cosmogonias. Mas como eu já tenho visto o, ou será a?, Zazie a actuar noutro blogue, informo que atingiu a dose de exibicionismo ignaro aqui permitida. Portanto, comentários do mesmo jaez não serão publicados. Deve ter um blogue seu - se não, é fácil arranjar um - e dar vazão ao que lhe vai na alma. É mais barato do que fazer psicanálise.

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  4. Bem, se v. não entende, embora, como professor tivesse obrigação de entender, eu explico-lhe (pode ir ao Cocanha onde ainda tem mais informação).

    1- O Génesis- faz parte de cosmogonias míticas, comuns a todas as civilizações. Tem semelhanças com relatos da Suméria e do Egipto e até com os da civilização do mediterrâneo.
    2- O dogma da virgindade de Maria não faz parte de mitologias, é uma questão de fé e sustenta a sacralidade e o mistério de uma religião.

    3- O panótico do Bentham nada tem a ver com a confissão católica, uma vez que esta é livre e totalmente sigilosa e o panótico é o inverso- trata-de se um mecanismo de vigilância social onde vigilante e vigiado nada contrataram entre si, pois a vigilância provêm do Poder invisível- pode ler o Michel Foucault, na História da Loucura que, apesar de tudo, ainda é uma boa obra e um clássico no género.

    O seu jacobinismo é visível neste post e dei com ele no facebook. Porque em meia dúzia de palavras teve de misturar os seus complexos religiosos com uma questão burocrática e totalitária da vigilância de exames. E essa é toda laica- é toda fruto da Revolução Francesa.

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    1. Meu Deus, que pessoa tão confusa!

      1. O Génesis é composto por vários tipos de mitos. Há um mito que explica a génese do cosmos (uma cosmogonia), mas também existem mitos de carácter antropológico, como o da criação do homem - um mito antropogónico inserido na cosmogonia - e o da Queda, que explica por que razão nós somos finitos, mortais e sofremos. Umas leituras do Mircea Eliade (no meu tempo ainda se lia muito Mircea Eliade) ajudam. Continuo a recomendar.

      2. Pelo facto da virgindade de Maria ser um dogma que sustenta a sacralidade e o mistério de uma religião, não significa que ele não seja um mito e não se inscreva numa longa cadeia de mitos sobre a imaculada concepção de uma personagem divina. Sem grande trabalho encontrará informação sobre isso. Da Grécia à Índia, porventura por toda a parte, encontrará esse tipo de mitos, alguns demasiado parecidos com os do cristianismo. Não há da minha parte qualquer confusão.

      3. O panóptico de Bentham é, literalmente, um mecanismo de vigilância prisional. Foi tomado como símbolo das sociedades modernas. Se pensar um bocadinho percebe que a transparência da consciência pretendida na confissão e a situação do vigiado no panóptico de Bentham têm semelhanças interessantes. Pensar é também apreender o semelhante naquilo que é diferente. Nisto não há da minha parte qualquer juízo de valor sobre a confissão ou mesmo sobre o panóptico.

      4. Depois, acusa os outros de jacobinismo, mas isso deve-se à sua alma de inquisidor, além de leitor incompetente, pois não compreende os textos que lê. Vê em qualquer manifestação que não seja literalmente ortodoxa - neste caso uma brincadeira sobre o castigo dos homens devido à Queda simbolizado no acto de vigiar exames - uma ameaça à ortodoxia ou àquilo que imagina ser a ortodoxia. Aliás, qualquer leitor minimamente competente perceberia que o meu texto é apenas a confirmação da narrativa mítica da Queda. Eu explico-lhe: vigiar exames é tão estúpido e aborrecido que só é explicável como castigo pelo pecado original. Percebeu?

      5. Só um esclarecimento adicional. O facto de usar o termo mito para designar determinado tipo de textos não diminui em nada o estatuto ontológico das realidades a que esses textos se referem. Dito mais claramente: o facto de designar determinado tipo de asserções por mito não implica a negação de uma relação dessas asserções à verdade. E isto esclarece tudo sobre os meus complexos religiosos.

      6. Não vou continuar este debate, até porque é inútil. O meu post é uma brincadeira que os outros leitores perceberam enquanto tal e não viram nele nenhum cruzada anti-religiosa. Um leitor competente perceberia até que, de um ponto de vista Católico, o meu post é absolutamente ortodoxo.

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  5. Não eu. Eu não sou confusa. E também não ameaço ninguém de censura por poder ficar exposta no que defendo.

    Mas, v. insiste em confundir as questões. Os mitos cosmogónicos fazem parte de todas as civilizações. Existem mais de 200 narrativas do dilúvio em civilizações que nem tiveram contacto umas com as outras.

    Introduzir dogmas da Igreja Católica- como a Virgindade de Maria na historieta é mera agit prop jacobina.

    A queda adâmica é muito mais do que um mito- é um sentido a dar à humanidade. É das mais ricas alguma vez formuladas e nada disso se limita a ser religião ou algo de falso, porque, segundo a velha lógica positivista- não pode ser verifificado experimentalmente.

    Misturar o panóptico de Bentham que anuncia a higiene moderna da vigilância controlada- sobre prisioneiros, agora sobre a socieade inteira- é algo perfeitamente actual- e cada vez mais, com a confissão católica, é um erro.

    Porque, como lhe disse, é algo consentido e que apenas existe entre crentes. Nada tem de oculto e kafkiano sobre o todo e nada tem de burocracia imbecil como aquilo que v. pretendia desmontar- as regras à ASAE dos vigilantes de exames.

    Os outros leitores perceberam como percebe quem anda a toque de caixa mediática ou reage por "like" e flash mob no facebook.

    Temos pena, eu não sou dessas. Eu tenho veia crítica. E nem conhecia o seu blogue nem sabia sequer da sua existência- nem quero saber.

    Só que há uma diferença- eu defendo a liberdade e não aponto o dedo inquisidor como v. aponta nem ameaço de censura como v. ameaça. V. é de esquerda- está tudo dito. Era impossível não ter esse tique censório.

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    1. Noto uma coisa interessante, uma alteração de tonalidade. Sou muito sensível ao tom. A ameaça de censura deveu-se a ter ultrapassado os limites da boa educação. Esta é a minha casa e há regras mínimas de convivência (sou muito conservador). De resto, toda a discordância, mesmo a que resulta da incompreensão, é bem vinda.

      A (julgo, agora, ser a) Zazie está completamente preocupada com os jacobinos, com o agit-prop e com a esquerda. Mas eu só falei do castigo que é vigiar exames. Mas tem quase razão: eu não voto na direita. Embora isso não signifique que eu seja propriamente de esquerda. Pode significar, por exemplo, que partilho da doutrina social da Igreja, o que me impede de votar nos partidos de direita, contrários àquela doutrina. Mas isto é um mero exemplo, de um assunto que não me interessa.

      Depois, a Zazie fala muito dos outros sem os conhecer. Falta-lhe a caridade (recomendo-lhe 1 Coríntios 13 - http://www.bibliaonline.com.br/vc/1co/13). Não será isso, a falta de caridade que conduz ao terror, o verdadeiro jacobinismo? As pessoas que comentaram não são propriamente pessoas que digam ámen com essa facilidade. Não basta ter veia crítica, é preciso aprender a fazer crítica. O Kant - apesar de jacobino - é uma excelente escola crítica. Recomendo vivamente.

      Sobre as questões teóricas envolvidas, eu explicar-lhe-ia se a Zazie estivesse disponível para escutar, mas a sua veia crítica torna-a muito pouco crítica relativamente à sua capacidade de ouvir o outro. Já li vários comentários seus noutro blogue que me confirmam isto. Mas não compreendo por que razão está tão preocupada com a minha remota hipótese de estar a atacar o catlicismo, se a Zazie é tão pouco católica. Um católico, um cristão, nunca por nunca diria que não quer saber de um outro homem. É a falta de caridade, torno-lhe a dizer. O que será matéria excelente para uma bela confissão.

      Não querer saber da minha existência, contudo, é uma coisa que partilha comigo: eu também não estou nada interessado na minha própria existência. Como vê, sempre temos qualquer coisa em comum. É aquilo que se chama apreender as semelhanças no diferente, que é a arte de bem metaforizar, como ensinou o velho Aristóteles.

      Se não quiser voltar a esta minha humilde casa, percebo perfeitamente. Não sou propriamente uma boa pessoa. Mas se quiser, será bem vinda desde que a sua veia crítica se centre nas ideias e não se fundamente no ad hominem.

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  6. V. pode julgar-se mais inteligente e culto por me chamar ignorante. Mas eu tenho o Cocanha para quem não for imbecil tirar as dúvidas.

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  7. Outra coisa- todo o seu post se limita a ser uma alegoria entre a vigilância dos exames e um mundo religioso que diz que acabou.

    Ilustrou-o com um texto do Génesis que fala do destino da humanidade- da sujeição à História, ao Tempo, aos trabalhos e à morte e achou que isto era um disparate sem sentido que podia equiparar-se uma vigilância totalitária e social moderna.

    Errado. Passando de parte a ferroada dos complexos jacobinos, este mundo da vigilância social invisível- para cuidar- de todos vigiarem todos num gigantesco panóptico de Poder é talvez o melhor exemplo do corte entre uma civilização baseada na moral católica e uma sociedade que matou Deus e colocou a máquina e o Poder da burocracia e da lei no seu lugar.

    Se tivesse pensado melhor no exemplo do Bentahm, tinha compreendido. De facto este mundo começa com ele e com o Leviathan do Hobbes- e isso é a hubris sob capa humana. É a divinização do poder humano, sobre o sagrado.

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    1. Cara Zazie, o meu post não é nada do que diz. Falta-lhe a experiência da textualidade e dos jogos de linguagem, e estes são muito simples, desculpe-me por ser tão cru. Vejamos, eu escrevi isto:

      "A vigilância dos exames é uma reminiscência anacrónica de um mundo que já acabou, mundo esse que tinha como núcleo simbólico o panóptico de Bentham."

      O mundo que acabou, aquele a que eu estou a referir-me, é ao mundo moderno, ao mundo efectivamente iniciado no Renascimento, ao mundo que vem até à Queda do Muro de Berlim. Esse mundo que que era simbolizado pelo panóptico de Bentham, efectivamente acabou. É preciso perceber que Michel Foucault morreu em 1984, e que houve algo que mudou radicalmente e que ele já não pôde pensar. Refiro-me ao Foucault porque a Zazie o cita. Mas não basta ler o Vigiar e Punir ou História da sexualidade. É preciso dar atenção aos cursos, pelo menos a alguns, do Collège de France.

      Só por uma interpretação absolutamente absurda é que pode escrever o seguinte: "Ilustrou-o com um texto do Génesis que fala do destino da humanidade- da sujeição à História, ao Tempo, aos trabalhos e à morte e achou que isto era um disparate sem sentido que podia equiparar-se uma vigilância totalitária e social moderna."

      Portanto, eu não estabeleço nenhuma alegoria - não quereria dizer analogia? - entre a vigilância dos exames e o mundo religioso. Leia o meu texto com atenção. Se não fosse tão precipitada e não tivesse necessidade de chamar a atenção sobre si através de intervenções disparatadas, a Zazie descobriria que estava de acordo comigo.

      O que eu faço é o seguinte: pego no mito da Queda e vejo no facto de haver pessoas com a tarefa da vigilância de exames a comprovação da verdade do mito. Foi por isso que eu mobilizei o texto do Génesis: só um ser decaído tem de fazer coisas daquelas.

      Se a Zazie não consegue perceber isso, como é que tem a pretensão de distribuir lições pelo mundo? O meu post nem é particularmente difícil de interpretar.

      Não vou responder aos outros comentários, à falta de fair-play e a alguma deselegância formal, o essencial está aqui. Só mais uma coisa: eu não a conheço de lado algum, mas vi comentários seus no Portugal Contemporâneo, um blogue que costumo ler. Chamaram-me a atenção porque, por norma, são despropositados (é a minha opinião) e com o nome com que se apresenta e o avatar que a simboliza é fácil de reter a imagem. Esse foi um bom truque seu, pois há muitos comentadores do PC, alguns também despropositados, e eu não me lembro de nenhum. Se aqui viessem eu não os reconheceria.

      Sobre isto chega.

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  8. Para terminar e numa boa, dado o facto de v. ter sido cool e não ter censurado.

    A sua ideia da comparação com o panóptio do Bentham foi bem pensada. Valia a pena até falar-se mais dele.

    Porque, se há algo de estranho nestas burocracias que vivemos é o facto de se apresentarem sem cara, como coisas necessárias e imprescindíveis, sem as quais estamos em falta.

    E essa "falta" já nada tem a ver com pecado nem com imoralidade que necessita de caridade para se arrepender.

    Estas "faltas" são gigantescas máquinas de normalização pela lei do que já nada tem a ver com a moral mas que passou a ter como repressor o Estado vigilante.

    Trata-se, como o Foucault bem ilustrou- de aparelhagem sofisticada que se apresenta como utilitária e serve para Vigiar E Punir. Em nome da perda do velho bom-senso.

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  9. Como lhe disse, eu nem sabia da sua existência. Sabe v. mais de mim do que eu de si.

    Li este post no facebook e saltou-me logo o tom jacobino com exemplo bíblico metido a martelo.

    Foi exclusivamente isso. Depois v. reagiu com aquela mania de "dar o braço a muita gente" que ninguém sabe para dizer que eu "não sei quantos" e que faço não sei que mais e que todos acham". Ora eu não sou cobarde e nunca preciso de arranjar matilha para defender argumentos.

    Tem aí o que eu tinha a dizer. Fique bem. Voltarei se calhar, assim como tem porta aberta no Cocanha- onde não existe censura para ninguém e cujo limite é exclusivamente impedir a porteirice.

    Como é óbvio não existem ataques "ad hominem", correctamente seriam "ad personam" e nem isso se pode dizer porque eu falei para um personagem virtual e não expus nada de pessoal que lhe diga respeito nem devassei a sua vida.

    O facto de referir que é professor é porque v. tem isso publicitado no perfil. E também não me interessa. Apenas acho que a obrigação de rigor teórico é maior em quem ensina.

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  10. Quanto a caridade, imagino que v. não se sentiu molestado à conta do teclado. Nesse caso seria melindre e eu não tenho é pachorra com flores de estufa.

    A caridade não vem ao caso. Assim como v. (se me conhece do Cocanha e da blogo) sabe perfeitamente que não tenho nem partido, nem ideologia.

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  11. Bom truque? usar o nick zazie que tenho desde 2000 do site do David Lynch? usar a rapozinha da filiation do Goya que uso desdo e o Pastilhas?

    Meu caro, eu já por cá andava ainda nem existia blogosfera. Ela começou com o pastilhas onde toda a gente tinha nick Não ia mudar lá porque v.s vieram atrás.

    Quanto ao resto, à parte teórica- acho que já tentei explicar o que havia a explicar- A Bíblia não são historietas sem sentido. O Génesis é uma narrativa mitológica idêntica às da Suméria- a Queda é a nossa condição terrena.

    O mundo do individualismo hedonista e egoísta vem das Luzes. O panóptico do Bentham é uma boa imagem para se entender esse permanente controle que tendeu a burocratizar-se.

    As ordens dos exames- a lei dessas minhoquices sem sentido é fruto de uma modernidade que substituiu a moral pela lei. E a lei pune infracções, não resgata pecados nem implica arrependimentos.

    V.s. os que vigiam exames e fazem parte da burocracia estatal, devem saber isso muito bem. Porque essa capacidade da lei servir para complicar a vida a toda a gente é o mundo em que vivemos.

    Nada disto tem a ver nem com moral nem com faltas. E penar, penamos todos, pois não somos divinos.
    --------------

    Quanto a comentários no PC não hei-de ter tão despropositados como no Portadaloja ou no Dragoscópio. Praticamente já nem vou a muitos mais blogues.

    Umas vezes é a brincar, outras, em havendo interlocutor à altura, são boas conversas e, infelizmente, na maioria, tem de ser mais abate que debate porque a mongalhada está em maior número.

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  12. Mas explique lá? v. acha que as penas anunciadas no Génesis são transportadas pelos professores por terem de vigiar exames?

    ehjehehe

    Se é isso. Então tem razão. Eu pensava que estava a fazer em cacos aquelas anormalidades burocráticas que exigem aos vigilantes de exames. E isso sim, é o panóptico do Bentham- o Big Brother que, não só não acabou com muro algum de Berlim, como agora sim, está aí a anunciar-se em todo o esplendar de um mundo terraplanado, dirigido por gente sem cara e manipulado por vigilantes bem atentos.

    A tudo- ao controle das nossas vidas. Acho mesmo que agora sim, vai haver Panóptico por bem- tutela burocrática de meio mundo que já não é dono de si.

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  13. Mas, na volta v. tem razão. O seu texto nem tinha pretensão para mais e eu li-o no facebook e não aqui.

    E li acompanhado de comentários que tendiam a ilustrar as proibições e normas que precisam de cumprir nessa cena dos exames.

    Por isso é que me vim cá dizer isto.
    Ok. V.s ,os profs, queixam-se por tão pouco que eu até já estava a ver aqui uma alegoria kafkiana e burocrática e afinal é só tédio

    ":OP

    Inté.

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    1. Ah, só agora leu o meu texto. Não sei o que viu no facebook. No meu está apenas um fragmento do texto, e apenas um comentário e nenhuma partilha. Isso de que fala não faço ideia o que seja. Alguém que desconheço pode ter feito uma ligação ao meu post, mas desconheço, repito.

      De resto, não há nada a explicar. O texto é uma brincadeira e nem sequer é uma queixa. Mas hoje estive 3,5 horas numa vigilância e aquilo é uma seca, prefiro dar 6 horas de aulas do que fazer uma vigilância de 3, mas o que tem de ser faz-se. Tédio é a palavra exacta.

      Quando me referi, num comentário anterior, aos comentários estava a referir-me aos feitos aqui.

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  14. ehehehehehe

    Mas viu como um erro de leitura até pode dar um bom debate?

    ":O)))))))

    ............
    Eu aqui usei o mesmo nick de sempre- zazie dans le metro, do Raymond Queneau e o avatar de um detalhe da filiation do Goya. Faço isto ao mesmo tempo que uma data de coisas e tinha agora mais que perder tempo com truques de avatares e não sei quantos.

    Mas o texto era seu porque tinha link e vim ter aqui. E tinha comentários acerca de normas e directivas a dar para o anormal. Sei que era assim e deve estar pior.

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  15. Professor, o bom dessa confusão toda é que aprendi. Com sua
    explanação e conhecimento aprofundado. O interessante é a sua boa paciência. rsrs
    Abraço,
    Solidade

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    1. Ainda bem que a confusão serviu para alguma coisa. Um abraço, Solidade.

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  16. Nem sempre tenho assim tanta paciência. Já cheguei a censurar, mas devido à forma pouco educada com que se comentava, devido à falta de fair-play. Eu não quero que as pessoas estejam de acordo comigo, mas que tenham um mínimo de educação, para que possamos viver num mundo civilizado.

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