sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Igreja e a situação actual



A posição da Igreja Católica perante os desenvolvimentos da economia mundial e as políticas que têm servido a instauração de uma nova ordem económica é um dos maiores desafios que enfrenta. A Igreja foi sempre muito dura com os regimes comunistas e o ateísmo presente na filosofia marxista. Com medo de perder a influência sobre os sectores operários e apoiada na sua reflexão e experiência multissecular, a Igreja de Roma, através do papa Leão XIII, definiu, na encíclica Rerum Novarum (1891), a doutrina social da Igreja, a qual tem sido actualizada em conformidade com as mudanças históricas entretanto ocorridas, embora sem perder a motivação e o sentido originários.

A economia global, fundada em pressupostos liberais e desenvolvida a partir dos anos 90 do século passado, contraria por completo a orientação social da Igreja. As políticas económicas e sociais adoptadas, nomeadamente pelo actual governo, não ofendem apenas aquilo que é o magistério da Igreja Católica relativamente aos direitos dos trabalhadores (por exemplo, a última revisão do código laboral é uma negação total dos direitos do trabalho, fundados no direito natural, defendidos pela Igreja), mas também de tudo o que o Vaticano defende acerca da dignidade da pessoa, da sua liberdade, dos seus direitos, do valor da família, da justiça social, etc., etc.

A Igreja, na sua doutrina, subordina a economia à dignidade humana. Numa palavra, a economia deve servir os homens e as comunidades onde estes vivem. O que se passa hoje em dia é que a economia, na sua faceta financeira e global, é pós-humana. A economia, outrora submetida à esfera da moral, da religião e da política, autonomizou-se. Esta autonomia significa que um único valor – o do lucro privado dos investidores – guia a actividade económica e nenhuma outra consideração de carácter moral, político ou religioso deve ser tida em conta. O destino dos homens, das famílias e das comunidades é indiferente aos decisores económicos. A miséria dos indivíduos, a desagregação das famílias e a destruição das comunidades são coisas boas, do ponto de vista económico, pois são o resultado da eficiência de uma economia pós-humana.

Aquilo que é de admirar não são as palavras grossas do bispo Torgal. O que é de admirar é a atitude bonançosa da Igreja e de muitos católicos perante um estado de coisas que nega e destrói o que a Igreja Católica e a sua doutrina social defendem. O perigo irreligioso do comunismo ao pé da nova ordem política e económica era, como estamos a descobrir, uma brincadeira de crianças. 

4 comentários:

  1. ...traigo
    ecos
    de
    la
    tarde
    callada
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
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    este
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    un
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    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    JMC

    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC SIÉNTEME DE CRIADAS Y SEÑORAS, FLOR DE PASCUA ENEMIGOS PUBLICOS HÁLITO DESAYUNO CON DIAMANTES TIFÓN PULP FICTION, ESTALLIDO MAMMA MIA,JEAN EYRE , TOQUE DE CANELA, STAR WARS,

    José
    Ramón...

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    1. Obrigado, José Ramón. Certamente, visitarei os seus blogues Horas Rotas e Aula de Paz.

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  2. Boa tarde JCM,

    A Icar não hesitou em continuar ao lado dos poderosos, mesmo depois dela própria ter "deixado" de ser poder.
    A sua hierarquia não teve dúvidas em estabelecer alianças imorais e alimentar cumplicidades espúrias com regimes políticos ignóbeis e conivências mal disfarçadas com organizações do submundo.
    As honrosas excepções, que as houve (há)e que se louvam, ou foram "silenciadas" ou pouco mais fazem do que pregar em vão.
    Concordo que, mais do que os estalinismos, os maoismos, etc., é este "financismo" desumano que a Icar tolera, porque nele também participa, que nos há-de levar ao inferno.
    bfs

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    1. Não seria tão drástico com a Igreja Católica, mas que ela se esquece com demasiada facilidade da sua doutrina social, lá isso esquece. É como se a doutrina social fosse para os católicos pobres e para os ricos, estivessem dispensados. Talvez ainda paguem uma bula. Quem sabe? Abraço.

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