quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Poema 43 - Quatro elementos: Água

Gustavo Torner - Átomos: Los Cuatro Elementos. Agua (1986)

43. Quatro elementos: Água

Mistério insondável dos barcos que partem,
das tuas mãos brancas e lêvedas,
dos dias de inverno trazidos do mar.
Um risco na areia da praia,
a onda que vem e tudo apaga,
o marulhar eterno ao sabor do vento.

Em ti não posso entrar duas vezes,
tocas-me e tornas-te outra
e corres desprendida da vida, 
esquecida do meu olhar. 
Sento-me e espero que voltes,
verde e azul sob um céu de gaivotas. 

6 comentários:

  1. Eu gosto desta toada heraclitiana. Excelente, Jorge.

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    1. Obrigado, Ivone. Na verdade, porém, nunca me decidi se era heraclitiano ou parmenídio. E agora começa a ser tarde para tal decisão.

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  2. Que beleza.

    Vejo um céu de gaivotas, barcos que partem, ondas que purificam, o marulhar eterno e todo este ambiente e já me parece que estou a ver a minha casa.

    Ou seja, apetece-me entrar no poema, deixar-me ficar dentro dele.

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    1. Talvez os poemas sejam casas, um lar onde nos podemos instalar no desabrigo da vida. Muito obrigado, UJM.

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  3. Feliz da concha a quem o vai e vem do mar, lhe deixa o espaço da maré para que possa ver o sol.

    Abraço

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