quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A consciência infeliz

Henri Matisse - O sonho (1940)

Pertenço a uma geração que foi educada - educada socialmente, claro - na retórica da pedra filosofal. "Eles não sabem, nem sonham, / que o sonho comanda a vida, / que sempre que um homem sonha / o mundo pula e avança..." O efeito desta retórica foi o de sobrevalorizar as tentações e visões utópicas em detrimento da fria realidade e do conjunto de possibilidades presentes nela. O drama de tudo isto é que essa visão do sonho criou uma boa consciência - nós os sonhadores de um mundo bom - e uma incapacidade para lidar com a realidade tal como ela é. O resultado foi que a boa consciência, mal chegou os tempos da dificuldade que a utopia sonegou, se tornou numa consciência infeliz.

2 comentários:

  1. Infeliz mas não pesada. Felizmente, apesar de tudo.

    Abraço

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    Respostas
    1. Sim, mais vale uma consciência infeliz do que uma consciência culpada. Embora desconfie de que quem deveria ter a consciência culpada sente pouco peso nela.

      Abraço

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