quinta-feira, 14 de março de 2013

Poema 55 - Chegou a noite e o seu cortejo de estropiados

Max Beckmann - A noite

55. Chegou a noite e o seu cortejo de estropiados

Chegou a noite e o seu cortejo de estropiados.
Chegaram os dançarinos da morte.
Chegou o veludo negro dos céus.
Um cântico ressoa numa praça longínqua
e a lua esconde-se no passar de uma nuvem.

Tempo de sombras e laranjas amargas,
horas onde o coração se entrega à dúvida.
A casa abandonada, os vidros partidos
e a grande cascata do desconsolo
aberta pela lâmina feroz do punhal de vidro.

As frias pétalas caem pelo chão
e as ruas são iluminuras perdidas no tempo,
lugares onde uma campânula se abre
para o silencioso segredo rasgado
pelo uivo do mundo ao entardecer.

2 comentários:

  1. Como a noite medieval e cruel, pode mesmo assim ter beleza, nas palavras do Poeta.

    Abraço

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