quinta-feira, 4 de julho de 2013

Poema 72 - Estranhos poderes os do corpo

Francis Bacon - Studies from the Human Body (1970)

72. Estranhos poderes os do corpo

Estranhos poderes os do corpo.
Dançam ao sabor do vento,
crescem na primavera
e abandonam-se no outono.

A súbita geografia de uma dor,
o pulsar anoitecido do coração,
o destino vazio do sangue:
leve, enlouquecido, leviano.

Sucumbo ao desejo insinuado,
ao latejar das horas no ventre,
ao ardor que se incendeia no olhar.
Pobres poderes os do corpo.

4 comentários:

  1. Muito bom!
    Não se aplica ao JCM, claro, mas por vezes o corpo tem as "costas largas" e a mente é "estreita".

    Abraço

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    Respostas
    1. Muito obrigado, JRD. Quanto ao aplicar, por que razão não se haveria de aplicar. A partir de determinada idade, alarga a barriga e estreita a mente. Nada a fazer.

      Abraço

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  2. Mesmo assim insisto na ideia de que não se aplica a si. Nem por sombras.
    O que por aí mais há são mentecaptos ...

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