quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O jesuíta franciscano

Lucien Freud - Hotel bedroom (1954)

Estará a Igreja, pelo menos as elites sociais que dela fazem parte, preparada para este Papa? Num mundo como o nosso, onde o dinheiro e o lucro são o objectivo central da vida social e individual, não será uma provocação ao Zeitgeist a proposta de Francisco para transformar os conventos vazios em centros de refugiados e não em hotéis de luxo para ganhar dinheiro? Francisco está a ser fiel à ideia de contradição com que nasceu o cristianismo. Isso, por certo, terá peso no coração do homem comum, mas não haverá já quem, dentro da Igreja, esteja preocupado com esta propensão para os pobres, os fracos e os desvalidos? Na verdade, ser autenticamente cristão, ser fiel ao espírito que nega os poderes mundanos, é o mais terrível insulto que se pode fazer às ideias triunfantes. Até quando estas suportarão este Papa jesuíta de inclinação franciscana?

5 comentários:

  1. Se nos lembrar-mos de João Paulo I cujo "sorriso" durou apenas 33 dias...

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  2. Adenda: Os mistérios do Vaticano passam-me um pouco ao lado, mas gostava de ver clarificadas as condições em que ocorreu a morte do "Papa do Sorriso".

    Abraço

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    1. Não me parece que alguma vez se faça luz sobre o assunto. Seja como for, este protege-se mais, vá-se lá saber de quê e porquê.

      Abraço

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  3. Pouco ou nada dada às coisas da Igreja - aos mistérios da Fé e essas coisas que sinto como alheias - não consigo deixar de me emocionar com a forma (que me parece genuína) como Francisco se mostra tão desconcertantemente simples e próximo dos humanos.

    Nada de converseios, nada de teorias: pão, pão, queijo, queijo. E vai directo ao ponto: a Igreja parece que, com ele, está a voltar a ser um local de acolhimento (e não propriamente de recolhimento, essas 'frescuras' para desocupados que procuram a paz interior em vez de tentaram ajudar quem precisa).

    Sempre que se ouve falar dele, sinto curiosidade (coisa que nunca antes tinha sentido em relação ao que quer que fosse relativo aos Papas - excepção talvez para os sapatos Prada do Papa Bento). E, de todas as vezes, me identifico com o que ele diz e faz.

    A ver é se, como muito bem diz, a Igreja o deixa continuar a subverter o regime de mordomias que até agora ali tem vigorado.

    Até me apetece dizer: vamos rezar por ele. Mas ainda não cheguei aí.

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    1. Não tem aquela máscara de beato que muitos membros da Igreja põem. Parece um ser humano, simples e directo. Tem paixões, como aquela de ser adepto de um clube de futebol argentino, e assim parece estar mais perto das figuras dos discípulos de Cristo do que da beataria falsa que se acolhe na Igreja, muitas vezes para tirar vantagens temporais. Os tempos são-lhe adversos.

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