quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A fragilidade da vida civilizada

J. G. Platzer - La venganza de Sansón

Não é novidade, nunca é novidade, mas a fragilidade da vida civilizada só salta aos olhos quando a barbárie deixa de esconder a face e se manifesta à luz do dia. O comportamento do ISIS no Iraque e na Síria é intolerável, a morte do piloto jordano é absolutamente inaceitável bem como as decapitações a que se entrega na sua estratégia de terror. Mas também é inaceitável a resposta dos jordanos ou a proposta da Al-Azhar para crucificação de jihadistas (ver aqui). A mais perigosa ilusão é considerar que tudo isso é um problema longínquo, coisas que apenas acontecem no Médio-Oriente ou em África ou em paragens mais longínquas. Se puderem, aqueles que semeiam a barbárie naqueles lugares não hesitarão um segundo em semeá-la aqui, como se viu no caso do Charlie Hebdo. Nós damos por adquiridas as nossas instituições e o nosso modo de vida, julgamos que estamos a salvo deste tipo de horror. Isso, porém, não é verdade. A vida civilizada só existe se estivermos dispostos a não abdicar dela, se estivermos dispostos a defendê-la, se tivermos consciência de que, de um momento para o outro, o horror pode entrar pela nossa casa. O Médio-Oriente  é já ali.

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