sexta-feira, 1 de maio de 2015

O declínio do Ocidente

Pérez Villalta - Paisaje con ruinas industriales (1986)

As universidades ocidentais estão, em muitos casos, a perder terreno porque sofrem de falta de fundos públicos vitais.  (Phil Baty, editor de rankings do Times Higher Education)

A temática do declínio do Ocidente é antiga. Hoje parece incontestável que o mundo ocidental começa a abrir brechas e a perder, de forma moderada mas cada vez mais intensa, a sua primazia económica, cultural e civilizacional. Ainda há poucas décadas atrás a União Europeia era o exemplo que todos os povos gostariam de seguir. Hoje começa a parecer-se com um monte de ruínas. A doença atinge já as universidades, essa criação do Ocidente católico, que apresentam sintomas de cansaço e começam a perder lugares nos rankings mundiais. Perguntará o leitor: mas qual é a doença que atinge o Ocidente, que está a enfraquecê-lo e a fazê-lo definhar? Pergunta legítima, mas talvez enviesada. E se aquilo que está a destruir o Ocidente não for uma doença mas o tratamento que está a ser usado? E se o liberalismo - esse poderoso medicamento para as vontades débeis - estiver a matar a supremacia ocidental? A falta de fundos públicos que está a atrasar as universidades ocidentais nos rankings deve-se à ideologia liberal em voga. É essa ideologia que está a destruir as instituições públicas em nome dos interesses privados de um pequeno grupo de pessoas. Dito de outra maneira: o liberalismo é um veneno, mas se for aplicado na justa medida ele tem poderes curativos, como até Lenine descobriu em 1922 (com a Nova Política Económica), pois liberta as forças da sociedade e permite o desenvolvimento das autonomias individuais. Quando se perde a noção de justa medida - esse princípio que os antigos gregos deixaram em herança ao mundo ocidental - o veneno, que tinha poderes curativos e regeneradores, torna-se letal. As universidades assim como as sociedades ocidentais estão a ser vítimas do excesso de tratamento. O corpo começa a debilitar-se e os sinais de astenia são já demasiado visíveis. O declínio do Ocidente está todo ele concentrado no excesso de medicação.

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