quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A patologia do poder


A Coreia do Norte fez constar que deflagrou uma bomba de hidrogénio. A ser verdade - e mesmo não o sendo -, o facto corrobora o que se escreveu ontem aqui sobre o caos actual, mas não é isso o que me interessa agora. O que me interessa é o carácter exemplar do regime norte-coreano. Dir-se-á que o regime é uma caricatura e, por isso, nada tem de exemplar. As caricaturas são, contudo, reveladores poderosos da realidade. Ao aumentar certos traços do real, elas tornam-nos claramente manifestos. O regime de Pyongyang, através da sua natureza caricatural, revela aquilo que está presente em todo o poder político. A imprevisibilidade, a arrogância, a insensatez, o desprezo pelos homens, o paternalismo, a tirania. Contra-argumentar-se-á que muitos regimes políticos não são como o regime norte-coreano. É verdade, mas em todos eles estão presentes os germes daquilo que se manifesta na Coreia do Norte. Os elementos patológicos não se manifestam porque são controlados internamente pelos cidadãos. Sempre que a cidadania é débil, a patologia do poder torna-se de imediato visível.

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