terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O caos actual

Wassily Kandinsky - All Saints Picture (1911)

O mundo caótico de que fala Guterres, no Público, não é propriamente uma novidade. O carácter fluido, sem estrutura sólida, tinha-se já manifestado nas épocas que geraram as duas guerras mundiais. Estas são já a manifestação de uma aliança entre a desagregação de estruturas sociais e políticas e o desenvolvimento da técnica. É o poderio da técnica que dá uma tonalidade caótica à desagregação das estruturas políticas. O que agora se manifesta, de uma forma mais intensa, é ainda a mesma coisa. A sensação mais carregado de uma situação caótica, como se ela fosse quase uma pura novidade, deve-se à recordação de um mundo ordenado e estruturado pela Guerra Fria. Esta não apenas dividiu o mundo entre duas super-potências. Deu-lhe ordem e uma aparência de solidez. Caído o muro de Berlim, desagregado o poder da URSS, intensificada a III revolução tecnológica, a velha fluidez do mundo, que se manifestou no que precedeu as guerras de 1914-18 e de 1939-45, volta e volta na forma de caos. Um caos do qual não se vislumbra nenhum cosmos futuro.

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