quarta-feira, 17 de maio de 2017

Alma Pátria - 27: Adriano Correia de Oliveira - Trova do vento que passa



Voltamos à face oculta da alma pátria. Como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira chega à canção de intervenção pela mediação do fado de Coimbra. Entre 1960 e 1962, grava quatro EP's (discos com 4 faixas), todos eles dedicados à canção de Coimbra. A sua orientação como cantor de intervenção surge de forma nítida no quinto EP, editado no ano de 1963, Trova do Vento que Passa, onde todos os poemas cantados são de Manuel Alegre. Consta que foi um grande êxito comercial. A versão cantada da Trova do Vento que passa é apenas um pequeno excerto de um poema longo pertencente ao ciclo Praça da Canção. Há sempre alguém que semeia / canções no vento que passa, diz o poema de Alegre. Uma confissão, ao mesmo tempo, da esperança e da impotência que habitava o coração dos oposicionistas naqueles dias já tão longínquos. Interessante na música portuguesa é o paradoxo de o sebastianismo e a saudade, manifestações ideológicas conectadas com a direita, terem encontrado as suas mais autênticas vozes em cantores de intervenção, como Luís Cília, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.

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