quinta-feira, 20 de julho de 2017

A Flor Precária 12. Abre com a mão o portal do júbilo

Jeanloup Sieff - Queen, London, 1964

12. Abre com a mão o portal do júbilo

Abre com a mão o portal do júbilo,
o ritmo da palavra no pó do poema.
Sobre o peito, a cabeça inclinada,
um rio de sal no vendaval dos versos.

O cabelo de chuva escorre nos dedos,
água a arder na clareira da boca.
Fogos de Verão cantam-te nos lábios,
são larvas de luz na sombra do vento.

Dedilho a relva pura do teu corpo,
oiço o riso de lume na prosa da noite.
Uma serpente desliza em silêncio
e toca-te com o seu hálito de erva.

(A Flor Precária, 1979)

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