sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Cristas, uma ajuda a António Costa

Francis Bacon, Head of a Woman, 1960

Dentro da direita trava-se uma luta pouco surda. Não me refiro ao aparecimento do Aliança, do inevitável Santana Lopes, nem de outras agremiações que tentam encontrar um nicho de mercado eleitoral com a ajuda dos ventos que nos chegam de Espanha. Refiro-me à moção de censura ao governo apresentada pelo CDS. A única finalidade é obrigar Rui Rio a tomar uma posição. Sabe-se que o actual presidente do PSD é avesso a este tipo de espectáculo e que duvida, com razão, da sua eficácia. O CDS, porém, pretende crescer à custa do PSD e não se importa de dar uma mãozinha a António Costa.

O primeiro-ministro tem tudo a ganhar com a moção de Assunção Cristas. Se por acaso o BE e o PC, em coligação com a direita, fizessem cair o actual governo, o PS caminharia para a maioria absoluta sobre o cadáver do BE e ainda com ajuda de muitos eleitores do PC. Como não é provável que isso suceda, a moção de censura serve para António Costa mostrar que não está tão abandonado quanto parece neste momento, em que o governo está a enfrentar uma onda enorme de contestação social. A moção do CDS é o tónico que o governo do PS estava mesmo a precisar, no momento de maior desconforto e de ausência de discernimento político.

2 comentários:

  1. Tudo o que escreveu é verdade, mas também o terror de voltar a ser o partido do táxi faz mexer a soror.

    Um abraço

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    Respostas
    1. Claro, há também o temor de um esvaziamento, mas julgo que o CDS crê que pode crescer à custa do PSD.

      Abraço

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