terça-feira, 12 de março de 2019

Beatitudes 2. Início

Francisco Soto Mesa, 5.01.1, 2001

A tarde rasteja na luz oscilante que vem do porão vazio dos céus. Um pombo desenha um círculo e poisa num ramo de oliveira. O mundo compõe-se lentamente. Uma árvore, outra, o fio de uma rua, aqui e ali, as primeiras casas. É árduo o trabalho, mas os homens persistem e avista-se já um jardim. Os juncos reverberam com o cheiro da Primavera que se aproxima, ainda presa ao silêncio do futuro, mas já prenhe de palavras que hão-de ser cântico na boca das mulheres. Sobre as ervas, ignoradas, jazem as primeiras promessas. Em breve serão feitas perante o altar da aurora.

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