terça-feira, 20 de agosto de 2019

Diálogos aporéticos (05) - Não é fácil

William Holman Hunt, Claudio and Isabel, 1850
- Meu pobre, o que fizeste?
- Melhor fora que tivesse feito alguma coisa.
- Omitiste algum dever?
- Por Deus, sabes bem que não sou pessoa para omissões.
- Então, porque te prendem.
- Quem te disse que me prenderam?
- Estas correntes significam o quê? Estás livre?
- Não, não estou livre.
- Pareces irado.
- Não pareço. Estou irado. Não é fácil.
- Claro, estar preso sendo inocente não é fácil. Compreendo.
- Não, não compreendes.
- O que te irrita tanto.
- A minha estupidez.
- Não compreendo.
- Eu também não.
- Não? Quem te prendeu?
- Fui eu.
- Então de que te queixas?
- De ter-me esquecido dos tampões para os ouvidos. Não é fácil.

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