sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Uma doença

Aurelie Nemours, Axel, 1979

Não há nada como uma boa falácia. Para hoje uso a da bola de neve. A Idade Média foi uma época teocêntrica. Deus era o centro do universo e da vida social. O Renascimento e os Tempos Modernos representaram uma revolta contra o teocentrismo em nome do Homem. Este tornou-se o centro do universo e da sociedade. Nos dias de hoje, o antropocentrismo tem já muito má imprensa. Acusado pelos combatentes contra o especismo, o antropocentrismo arrisca-se a entregar a alma ao criador, estando nós na alvorada de um novo interesse dos homens, o animalismo, onde todas as espécies animais são irmãs. É de prever que, chegando-se ao estágio em que os interesses do homem não são Deus nem ele próprio mas o animal, se vislumbre que o animalismo é ainda uma espécie de racismo que protege os animais em detrimento das plantas, que também partilham com os animais a vida. O biologismo será a estação seguinte. A queda parece não ter fim. O raciocínio é falacioso? É. No entanto, há qualquer coisa de doentio na crítica ao antropocentrismo motivada pelo combate ao especismo e à diferença ontológica entre os seres humanos e os animais não humanos.

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