domingo, 12 de janeiro de 2020

Uma teocracia em apuros

Xaime Quessada, La Guerra, 1967
A imagem da república islâmica do Irão - uma teocracia no mundo moderno - não podia ter caído mais baixo do que caiu nos últimos dias. Não bastava já a humilhação de ver abatida uma das figuras mais importantes da estrutura política do país, numa acção de força marcadamente ilegal mas que ficará impune devido à impotência real do Irão perante os EUA, como a sua organização social e militar mostraram fragilidades insuportáveis. No funeral do general abatido, num clima de histeria política produto do acto americano e do discurso inflamado local, mais de cinquenta iranianos morreram esmagados pela turba. Depois, são os próprios iranianos que confundem um avião comercial com um míssil e o abatem, causando, para além das vítimas, muitas delas iranianas, um problema diplomático de não pequena monta. Esta imagem de impotência e fragilidade parece ser o oposto da inflamação dos discursos dos responsáveis em que a combinação da retórica política com a religiosa faz parecer que o Irão tem o poder de trazer o Apocalipse ao mundo ocidental. Enquanto isto, Israel sorri e ganha espaço para agir contra o Irão se tiver de o fazer para sua defesa. 

3 comentários:

  1. Podia ter caído muito mais baixo,meu caro,muito mais baixo. Se é uma teocracia assumia,não finge ser uma democracia onde quem tem menos votos ganha.
    Uma teoracia assumida,que não faz acções de rapina no próprio continente nem no continente dos outros.
    Uma teocracia assumida que não mantém um bloqueio total há 61 anos a um país vizinho menos poderoso.
    Uma teocracia assumida que assume a responsabilidade de um erro neste acidente e não se furta como democracias ditas exemplares à culpa da morte de milhões e milhões de inocentes.
    Que magnífica ocasião para ficares calado,ingénuo,cínico ou lá o que sejas!

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