tag:blogger.com,1999:blog-1933419496912005101.post1485646546443885267..comments2021-07-25T17:06:57.167+01:00Comments on Kyrie Eleison: O trabalho do professorJorge Carreira Maiahttp://www.blogger.com/profile/09954567003274461455noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-1933419496912005101.post-31386530734252369472012-07-05T10:00:10.704+01:002012-07-05T10:00:10.704+01:00Sobre a questão do tempo ser a matéria prima do tr...Sobre a questão do tempo ser a matéria prima do trabalho do professor, voltarei ao assunto a partir da distinção de vários tipos de temporalidade (cósmica, específica, social e psicológica) bem como da sua associação à espacialidade (ao corpo).<br /><br />Relativamente aos métodos de trabalho, eles devem variar em conformidade ao que é pedido. Um breve exemplo. Já leccionei o mesmo programa (o de 12.º ano de Filosofia, onde eram trabalhadas 3 obras) de formas absolutamente diferentes. Quando os alunos estavam sujeitos a exames que determinavam a a entrada na universidade, todo o trabalho, avaliação incluída, estava voltado para isso mesmo. Quando acabaram com o exame, tudo mudou, nem testes havia. As aulas funcionavam em seminário, os alunos tinham de ler as obras seleccionadas, mas faziam percursos diferenciados em conformidade com os seus interesses. As avaliações incluíam projectos de investigação e os respectivos trabalhos, bem como a discussão pública dos trabalhos comigo. É evidente que hoje em dia não consigo abrir uma turma de 12.º ano. <br /><br />Quem está numa escola sabe que este tipo de trabalho é dirigido a uma elite de alunos (que podem não ser os que têm melhores notas, mas têm desejo de aprender). <br /><br />Aquilo que refere na parte final, não implica ser subversivo. O estímulo da discussão e da argumentação pode ser até um programa bastante conservador e uma prática conservadora. Talvez passe por subversiva no ambiente mental português, mas ela tem a sua raiz na sofística grega e no diálogo socrático-platónico. O uso das "quaestio disputata", por exemplo, na escolástica, tinha as virtudes que refere e, no entanto, não visava a descoberta do novo, mas da verdade já previamente dada. Não são os métodos o fundamental, mas a forma como se lida com o tempo e se o concebe. Os métodos, como diz o étimo da própria palavra, são apenas caminhos para...Jorge Carreira Maiahttps://www.blogger.com/profile/09954567003274461455noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1933419496912005101.post-9979570421284651422012-07-05T00:00:03.273+01:002012-07-05T00:00:03.273+01:00Se faço um paralelo com o que se passa nas empresa...Se faço um paralelo com o que se passa nas empresas não é porque ache que gerir uma empresa seja a mesma coisa que gerir uma escola. No entanto, a realidade das empresas é uma realidade que conheço bem pelo que me é difícil abstrair dela quando penso no que se passa numa qualquer outra organização, mesmo que essa organização seja um estabelecimento de ensino.<br /><br />Um dos trabalhos que de vez em quando se faz nas empresas, de forma transversal, por forma a que toda a gente esteja alinhada no que se refere aos principais conceitos, é o de identificar coisas que parecem óbvias mas que, de facto, suscitam as maiores divergências. Ex: quem são os nossos clientes, o que é que nós vendemos, quais os nosso objectivos, etc.<br /><br />Um caso muito citado: "Quote from a Harley-Davidson exec:"What we sell is the ability for a 43-year-old accountant to dress in black leather, ride through small towns and have people be afraid of him.", ou seja, o que vendem não é uma mota, mas um sonho, um mito.<br /><br />Vem isto a propósito de dizer que a matéria prima não são os alunos mas o tempo. Eu diria que isso me causa estranheza.<br /><br />Eu diria que o tempo é um recurso ou uma condicionante, mas não a matéria prima. A matéria prima é aquilo em que se pega, se sujeita a um processo de transformação a partir do qual se transforma (passe o pleonasmo) num produto acabado ou intermédio.<br /><br />Ora um professor tem por missão (diria eu) transformar o nível de conhecimentos, de compreensão e de construção de novos raciocínios dos alunos a seu cargo. Pega neles num determinado nível e deve acabar o ano lectivo com eles num nível superior.<br /><br />Ou seja, tendo em atenção o recurso limitado que é o tempo e todas as circunstâncias que habitam esse tempo, deverá conseguir transmitir conhecimentos básicos e fundadores (ou os chamados 'fundamentals') - e aí a vertente conservadora - evidenciando sempre os processos construtivos e disruptivos que estiveram na génese das descobertas, e incentivando os alunos a que pensem, descubram e pesquisem por si próprios - e aqui a vertente modernista. Quem não perceba bem isto dificilmente cumprirá com o que, a mim, me parecem ser os verdadeiros desígnios da profissão de educador [educador= professor (?)]<br /><br />Vou ficar por aqui porque acho que não deve caber muito mais no espaço dos comentários.<br /><br />Mas será que, a si, isto lhe faz sentido? Por exemplo: faz-lhe sentido falar de um tema, explicar, fundamentar e, quando os alunos dão mostras de o compreender, desampará-los, mostrando-lhe maneiras totalmente diferentes de interpretar a mesma coisa? Deixá-los perplexos? Pô-los a defender posições contraditórias, estimular a discussão e a elaboração de argumentação? Não é esta uma, das muitas formas, de ser a um tempo conservador e subversivo?Um Jeito Mansohttps://www.blogger.com/profile/07972211819998630794noreply@blogger.com