O que leva as pessoas, segundo o autor, a ser de direita ou
de esquerda são intuições morais. A moralidade terá, no mínimo, seis
fundamentos diferentes, que se organizam em pares de opostos: cuidado/dano,
justiça/engano, lealdade/traição, autoridade/subversão, santidade/degradação e
liberdade/opressão. São estes aspectos que, intuitivamente, as pessoas usam
para fazerem juízos morais e para codificarem a sua posição política. As
pessoas de esquerda baseiam a sua moralidade, fundamentalmente, nas ideias de Cuidado
e de Justiça. As pessoas de direita apresentam um espectro moral mais alargado,
onde a Lealdade, a Autoridade e a Santidade (certas coisas são consideradas
sagradas e intocáveis) têm um papel preponderante. Pessoas de esquerda e de
direita valorizam a Justiça e a Liberdade, mas interpretam-nas de modo
diferente. As pessoas discordam politicamente porque preferem inconscientemente
sabores morais diferentes.
As ideias de Haidt são úteis para pensar como devem agir as
lideranças políticas. Uma possibilidade é concentrarem-se apenas nos
fundamentos morais da sua tribo política: a esquerda valoriza o cuidado e a
justiça igualitária; a direita, a lealdade ao grupo, a autoridade e a
sacralidade de certas instituições. Este caminho conduz à polarização, a
guerras culturais – que são, afinal, conflitos morais. Líderes responsáveis, de
ambos os lados, devem procurar estabelecer pontes com quem tem gostos morais
diferentes. Ser político é mais do que ser de esquerda ou de direita. É, sem
negar a sua preferência de sabores morais, procurar laços com os outros, porque
a política visa o bem comum. A democracia não é a vitória total de um lado e a
derrota do outro, mas a alternância de sabores e o respeito por quem tem gostos
diferentes. Ora sabe mais a sal, ora mais a pimenta. O essencial é a qualidade
do alimento: a governação de uma comunidade que se pretende unida na
diversidade.
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