Jackson Pollock, Alchemy, 1947 |
Sol
incendiando-me célula a célula, nasci.
Grande,
o silêncio, o espaço aberto e côncavo.
Aí
desconhecia medos e metáforas.
Da
serra vinham ventos, ateavam rumores
nas
árvores, opalas em teus olhos.
A luz levedava no murmúrio das laranjeiras,
acendia velas nas paredes, archotes nos dedos.
Palavra
a palavra cresceu o universo, o enigma
da terra, uma haste de canções, ao
caírem fulgiam na errância dos espaços.
Água,
ave de âmbar e coral, brotava
do
poço e na poeira floriam ervas e agoiros.
Os cabelos eram cordas, pedaços de arame,
ao
erguerem-se, acendiam a lua,
os astros, constelações de sílica e basalto.
(1981)