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Wassily Kandinsky - Improvisação (1909)
Espanta-me sempre o louvor que se faz à capacidade de improvisação dos portugueses. Não é que a capacidade de improvisar não seja virtuosa. No entanto, o improviso só tem sentido quando está fundado numa sólida disciplina e num cuidado planeamento. Neste caso, improvisar é a capacidade de adaptar criativamente os nossos planos às exigências da realidade. A improvisação portuguesa - que toma o curioso e popular nome de desenrascanço - é o contrário de tudo isto. É um sinal de incompetência, falta de trabalho intelectual sobre os problemas e de planeamento. É mais do que isso. É uma manobra de ocultação da forma viciosa como dirigimos a vida privada e os negócios públicos. No louvor da nossa improvisação o que é cantado não é a criatividade mas, pura e simplesmente, a incompetência e a falta de vergonha. A improvisação em Portugal é uma maldição que também está na raiz de muito do que nos está a acontecer.
Para os portugueses é mais fácil deixar de fumar do que de improvisar...
ResponderEliminarAbraço
Nunca tinha pensado nessa comparação, mas mostra bem a dificuldade...
EliminarAbraço
Concordo em absoluto. A capacidade de improvisar é um talento e uma capacidade, muito poucos ou não todos o conseguem fazer. Já o desenrascanço é uma solução imediata, incompetente e muitas vezes egoísta que só desconstrói. Ou afunda, que é o mesmo.
ResponderEliminarAfunda mesmo... Como se vê.
EliminarImprovisar é uma forma de responder aos desafios sem ser através de fórmulas previsíveis, trabalha-se e treina-se, é uma competência essencial para permitir a sobrevivência.
ResponderEliminarO mais grave do "desenrascanço" é que a possibilidade de propor algo verdadeiramente diferente e criativo fica reduzida pois a improvisação necessita de um tempo de germinação, para se chegar da ideia à coisa.
Completamente de acordo. O que é popularizado como criatividade é o contrário.
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