terça-feira, 17 de setembro de 2013

O riso do algoz

(Imagem do Público)

Parece que o FMI anda em cruzada de arrependimento. Chegou à conclusão de que muitas das suas políticas estavam erradas. Parece ser um louvável acto de contrição. Parece, mas não é. Em primeiro lugar porque houve muita gente - entre essa gente contavam-se economistas de primeira linha - que mostraram que as políticas estavam erradas e que teriam efeitos catastróficos. Os economistas do FMI foram avisados, mas, surdos e cegos pela ideologia, fizeram orelhas moucas e vista grossa. Isto, todavia, não é o mais grave. O mais grave está no lado das vítimas das políticas do FMI. Está nas pessoas que morreram, arruinaram a saúde, perderam o emprego, viram as suas empresas ir à falência, tiveram que emigrar, viram os filhos impedidos de estudar, etc., etc. etc., devido às políticas impostas pela organização. Ninguém responde por isso? Numa organização sempre tão disposta para a avaliação e aplicação de penas e castigos, não se aplica a ela e aos seus técnicos aquilo que se impõe aos outros? Este acto de contrição, visto do lado das vítimas, parece ser o eco do riso do algoz. 

4 comentários:

  1. Estes rebates de consciência costumam surgir em vésperas dos dias do FIM, mas estes dias continuam a ser os do carrasco FMI, cujo lamento mais não é do que uma manobra de diversão.
    Abraço







    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Diversão e no duplo sentido de desviar a atenção e de se divertir à custa das pessoas.

      Abraço

      Eliminar
  2. Muitas vezes me deparo com situações tão graves, tão disparatadas que me deito a tentar perceber, a encontrar uma justificação. No entanto, de forma quase geral, não há nada por trás. Apenas incompetência, descoordenação, nabice do mais infantil e básico que há.

    A estrutura do FMI anda a várias velocidades, sujeita a hierarquias desencontradas. Os estudiosos sabem que se enganaram, que a receita está a matar o doente mas não são eles que estão no terreno a acompanhar os programas de resgate. Por outro lado, os operacionais estão agarrados aos programas, têm objectivos a cumprir, não têm tempo para acompanhar os estudos, passam a vida a ler os relatórios de acompanhamento dos programas.

    E isto é ainda pior porque queremos encontrar um culpado e não há. Temos pela frente monstros informes com várias cabeças, muitas pernas, longos braços. É o FMI, é a Comissão Europeia, é o BCE, é tudo isso de que dependemos.

    Aquilo de se saber quem são os bons e quem são os maus já não existe.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não me parece, por exemplo, que a troika não tenha opinião, e muito firme, sobre quem são os bons e virtuosos e os maus e viciosos. E julgo também ser possível olhar para as instituições que compõem a troika a partir do bem e do mal que produzem...

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.