segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A dinâmica da decomposição

Umberto Boccioni - Decomposição dinâmica (1913)

Não é a decomposição que surpreende. Todos os sistemas, vivos ou não, acabam por se decompor e desaparecer. Nem sequer o mau cheiro exalado é motivo para espanto. O que espanta e dá que pensar é o dinamismo do processo, a velocidade com que tudo ocorre, como se uma força cega e surda se tivesse apoderado do modo de vida que foi o nosso e decidisse precipitá-lo para o negro abismo do passado.

6 comentários:

  1. De facto, parece já não presta, jaz vivo mas apodrece.

    Abraço

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  2. Já não sei se jaz vivo ou se jaz morto.

    Abraço

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  3. Negro abismo do 'passado'? Já nem isso sei.

    Acho que isto é diferente do que foi no passado. Tem contornos diferentes. Em certa medida é pior porque no passado mal se sabia que podia ser melhor. Agora sabe-se, já lá estivemos. Isto agora é outra coisa: parece o reino do mal. Uma coisa má de mais para ser normal.

    Como podem tantos deixar-se dominar por tão poucos? Por esta gente informe?

    Será que vamos ser de brandos costumes até deixarmos de existir?

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    1. O problema é mesmo esse, o da "gente informe". Por não ter forma, ela é intocável. Desloca-se à velocidade da luz, que é a velocidade a que se desloca o dinheiro. As pessoas andam muito mais devagar. Não parece o reino do mal. É mesmo uma encarnação do reino do mal.

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  4. Sim, ´´e o REino do Mal. Urge que cada vez mais pessoas, dessas que se deslocam devagar, tomem consciência disso e o combatam. O texto é tão bom que o levei, com o seu comentário...

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    1. Muito obrigado. O problema está mesmo no conflito entre lentidão e velocidade. Por norma, a vantagem é dos mais velozes. Falando à maneira do mito, diria que o bem é imóvel e o mal móvel, sempre cada vez mais móvel e veloz nessa mobilidade. Como combater a mobilidade com outra mobilidade, mas mais vagarosa?

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