Salvador Dali - Araña de noche... Esperanza (1940)
É um tempo
de pequenas catástrofes,
de astros
saídos das órbitas,
a miséria
branca sob a abóbada negra do céu.
É um tempo
de ansiedades nocturnas,
as nuvens
suspensas, anjos disformes,
paisagens de
salitre na alvenaria da terra.
Mãos ossudas
e hirtas desfazem as morfologias,
quebram o
vidro que nos protege da noite
e ateiam um
rasto de sangue na tua fotografia.
No palco,
insectos zumbem sobre o labirinto,
cantam,
desesperados, os trapezistas tenores,
ri-se a
esquálida figura da morte.
É um tempo
de perdidas esperanças,
de imagens
que se movem devagar sobre a tela,
de uma
cinematografia sem fogo nem alma.
É um tempo
de cidades despovoadas,
os semáforos mudos, carros parados,
bocas que se
abrem para a amargura da sombra.
Chamar-lhe-ia mais, tempo de aflição e desespero.
ResponderEliminarAbraço
Os tempos estão tão confusos que, por vezes, esperança e desespero se confundem.
EliminarAbraço