Hoje, 5 de Outubro, não é feriado nacional. Julgo que pela primeira vez desde que a República foi proclamada em 1910. A mudança de um regime monárquico para um regime republicano não é apenas uma questão de regime. Para além da questão da forma do regime, está o modo como os seres humanos se relacionam com o poder. Numa monarquia, são súbditos. Numa república, são cidadãos. Na palavra súbdito, ecoa ainda a dependência da vontade do outro, a diferença ontológica entre a família real e as outras, o ultraje da menoridade cívica. Na palavra cidadão ecoa a virtude da igualdade de todos os cidadãos perante a lei, um valor ontológico igual para cada um e o reconhecimento efectivo da maioridade cívica das pessoas. Que um governo ache dispensável o feriado que assinala a transição dos portugueses da condição de súbditos para a de cidadãos mostra o profundo desprezo que esse governo sente pelos portugueses, pela sua condição de cidadãos. Revela também o que vai no inconsciente de quem governa, a vontade de tornar todos os portugueses em súbditos, em gente sujeita à vontade de outrem.
Porque estou numa Monarquia onde todos são cidadãos, dói-me falar de uma República onde a maioria dos cidadãos é constituída por súbditos.
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De facto, é triste.
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