Giorgio de Chirico - Praça de Itália com torre vermelha (1943)
Desceu sobre
o jardim um anjo de ferro
e as praças,
perdidas na geometria, são almas
solitárias,
esquecidas na mente de Deus.
Onde o fogo
se ilumina e o fósforo arde,
correm crianças
com sonhos desfigurados
e olhos
negros abertos para o céu de azeviche.
Vejo-as de
malas nas mãos no caminho da noite,
cantam como
cantam os homens presos
na servidão,
joio que cresce no campo do outono.
Uma lâmina
brilha na câmara da morte
e os rios
desaguam uma água macilenta
no mar coalhado,
nos destroços das caravelas.
Perdemos o
nome e a estirpe definha em silêncio.
O secreto
destino revela-se na memória,
abre um
sulco de sangue na planície e grita…
A devastação
dos dias chegou à nossa casa.
Veio como
uma lua assassinada pelo inverno
e lançou no
jardim raízes de ferro em terra de fel.
Um poema fortíssimo que nos envolve como se o estivéssemos a ler num "Campo de refugiados ", expulsos pela História.
ResponderEliminarAbraço
Mas não é isso que somos? Não somo já refugiados expulsos pela História?
EliminarAbraço
Que título fantástcio, Jorge...
ResponderEliminar(E gosto da sua poesia, nunca lho dissera antes, creio. Aqui fica.)
Muito obrigado, Faty Laouini.
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