Kurt Schwitters - Blue Ribbon (1930)
Esta colagem sobre postal, de Kurt Schwitters, é um exemplo da arte Dadá. Não já do dadaísmo inicial, que teve os seus começos no Cabaret Voltaire, na Suíça, em plena primeira Grande Guerra, mas de um dadaísmo tardio. O dadaísmo, com o seu apelo ao aleatório e ao irracional, com a sua contestação da ordem artística normativa, bem como com a sua crítica ao artista burguês e convencional, acabou por persistir muito para além do próprio movimento. A irracionalidade e o desafio da convenção tornaram-se características centrais da persona do artista e das correntes artísticas do século XX.
Dadá é uma contra-arte e uma contínua provocação à ordem estabelecida. Podemos ser ingénuos e pensar que nos encontramos perante um desafio à ordem burguesa e ao sistema capitalista que conduziram o mundo para uma guerra cujas proporções nunca tinham sido vistas. Mas se queremos perceber muito do que se passa no mundo de hoje, a desordem que assola a vida dos homens, a irracionalidade de muito do que acontece, então teremos de olhar o dadaísmo não apenas como precursor de múltiplos movimentos artísticos, mas do próprio desenvolvimento da economia mundial.
Quem quiser compreender o desenvolvimento do capitalismo actual terá de esquecer aquela visão do burguês sério e preso à norma, esse burguês que procura ainda a sua legitimação social e política. Hoje os homens que gerem a economia financeira são uma espécie de artistas inconformados, que hostilizam a racionalidade e a norma. Na verdade, são dadaístas do dinheiro. A insipidez das classes médias, a sua prisão a normas e convenções, ou a necessidade de protecção colectiva das classes populares recebem o desprezo e o riso irónico desta gente.
Tudo se tornou jogo, ironia, riso sardónico. Se o comum dos mortais aspira à racionalidade da vida, os actuais senhores do mundo gostam do irracional, do imprevisível e do risco. O mundo dos nossos dias é aquele em que o burguês se tornou artista inconformado e caprichoso, e a plebe se rendeu à tranquilidade da vida normal e previsível. Muito do que se passa e que nos afecta tem a sua origem na atitude Dadá que tomou conta da finança mundial. A suprema ironia é que os agentes desta gente sejam pessoas tão insípidas como Passos Coelho, para dar um exemplo paroquial. Mas o humor foi coisa que os dadaístas sempre cultivaram.
Quem quiser compreender o desenvolvimento do capitalismo actual terá de esquecer aquela visão do burguês sério e preso à norma, esse burguês que procura ainda a sua legitimação social e política. Hoje os homens que gerem a economia financeira são uma espécie de artistas inconformados, que hostilizam a racionalidade e a norma. Na verdade, são dadaístas do dinheiro. A insipidez das classes médias, a sua prisão a normas e convenções, ou a necessidade de protecção colectiva das classes populares recebem o desprezo e o riso irónico desta gente.
Tudo se tornou jogo, ironia, riso sardónico. Se o comum dos mortais aspira à racionalidade da vida, os actuais senhores do mundo gostam do irracional, do imprevisível e do risco. O mundo dos nossos dias é aquele em que o burguês se tornou artista inconformado e caprichoso, e a plebe se rendeu à tranquilidade da vida normal e previsível. Muito do que se passa e que nos afecta tem a sua origem na atitude Dadá que tomou conta da finança mundial. A suprema ironia é que os agentes desta gente sejam pessoas tão insípidas como Passos Coelho, para dar um exemplo paroquial. Mas o humor foi coisa que os dadaístas sempre cultivaram.
Como a extorsão do dinheiro pode também ser considerada como a "arte" de escarnecer das vítimas, acho que a definição está perfeita.
ResponderEliminarQuanto ao humor, o destes é mesmo "rasca"...
Abraço
Escarnecer das vítimas. Penso que é isso mesmo. Um jogo sádico.
EliminarAbraço