quarta-feira, 27 de novembro de 2019

A Origem da Luz 1

Jackson Pollock, Alchemy, 1947

Sol incendiando-me célula a célula, nasci.
Grande, o silêncio, o espaço aberto e côncavo.
Aí desconhecia medos e metáforas.
Da serra vinham ventos, ateavam rumores
nas árvores, opalas em teus olhos.

A luz levedava no murmúrio das laranjeiras,
acendia velas nas paredes, archotes nos dedos.
Palavra a palavra cresceu o universo, o enigma
da terra, uma haste de canções, ao
caírem fulgiam na errância dos espaços.

Água, ave de âmbar e coral, brotava
do poço e na poeira floriam ervas e agoiros.
Os cabelos eram cordas, pedaços de arame,
ao erguerem-se, acendiam a lua,
os astros, constelações de sílica e basalto.

(1981)

2 comentários:

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.