quinta-feira, 21 de novembro de 2019

O discurso às massas policiais

Kazimir Malevich, Quadrado negro sobre fundo branco, 1915
Penso, muitas vezes, que os agentes políticos são cegos para a realidade. Por mais que esta se exiba à sua frente, eles possuem uma capacidade inultrapassável para a cegueira. Ainda ontem Rui Rio afiançava aos seus correlegionários do Partido Popular Europeu que a extrema-direita era coisa quase inexistente em Portugal e a que havia não era assim tão extrema. A manifestação de polícias de hoje serviu para mostrar exactamente o contrário. Não pela manifestação em si, um acto dentro da conflitualidade democrática e que tem fundamentos justos, mas pelo discurso do deputado do Chega. Este não é um acontecimento trivial. Parece uma inversão simbólica do PREC, onde, numa coreografia leninista, o deputado Ventura fala às massas policiais. Há muita gente desejosa de fazer explodir o edifício democrático e o dia de hoje foi um passo, cuja dimensão desconhecemos, para isso. Não sei se a aritmética de Rui Rio e a geometria dos partidos tradicionais é suficiente para explicar o que está em gestação.

1 comentário:

  1. Estejs o que estiver em gestação, nós já cá estamos. E neste lugar já mandamos fascistas com 40 e tal anos de poleiro às malvas!
    Mostrar receio frente à canalha é a pior atitude. Tranquila atenção ao que se vai passando e prontos a agir. A democracia dá trabalho a nascer e a manter.Quem a queira destruir sempre houve,haja mais gente a querer mantê-la como sempre houve, até agora!

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