segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Da sabedoria

George Pierre Seurat - Floresta em Pontaubert (1881)

Penumbra, sombra, brumas... A confiança na razão é uma questão de idade. Crer no seu poder, na potência da sua luz, na capacidade de revelar a verdade, tudo isso é fruto de uma consciência jovem, animada pelo vigor do corpo. Os verdes anos, porém, passam depressa, e de súbito vemo-nos no meio da floresta. Onde havia luz há agora sombra e os objectos não passam de brumas que se deslocam na penumbra. Com o tempo, descobrimos que a floresta é confortável e é nela que devemos permanecer. Para que serve a ciência se a sabedoria nos visita?

4 comentários:

  1. Esta pintura é maravilhosa. Um dia gostava de ser capaz de fazer uma coisa assim, aparentemente tão simples. O seu texto é também assim.

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    1. Sim, também acho esta pintura sublime. Gosto bastante de Seurat. Quanto ao resto, muito obrigado, UJM.

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  2. Subscrevo o comentário de UJM, mesmo não sabendo para que "serve" um pincel...

    Se fosse possível fazer uma extrapolação, poderíamos falar de escrita "pontilhista", o que é a descrição da floresta, assim vista de perto, senão isso mesmo.

    Abraço

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    1. Talvez a escrita seja mesmo, na sua essência, pontilhista. Também as nossas emissões sonoras são decompostas em sílabas e letras. É da junção destes pontos que se fazem palavras, frases, textos, obras. Sem esses pontos, nada disso seria possível.

      Abraço

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