quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ano Novo

Caspar David Friedrich - Winter Landscape with Church (1811)

Chegou o Ano Novo. Olho pela janela e tudo parece velho. Um ar chuvoso, pesado, feito de esquecimento e nostalgia. Ao longe, a paisagem foi rasurada, é agora uma sombra sonolenta, uma mágoa que acompanha o passar do tempo. Aqui e ali há gente que ensaia uns passos sob a chuva, logo se retrai e desaparece, levada pelas trevas flácidas da tarde. Tudo é, por enquanto, uma bruma vacilante, quase uma promessa, talvez uma ameaça. Ninguém sonha, neste primeiro dia do ano. Ninguém canta, na aurora deste tempo. Apenas o silêncio cresce, debruado de folhas mortas e de árvores exaustas.

4 comentários:

  1. Os rituais de repetição sucedem-se ano após ano. Nada muda, nem sequer os "anos"...
    Pode ser que seja desta. Deixo-lhe um forte abraço e votos de saúde e bem estar.

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    1. Por que razão haveria ser desta vez? Os tempos e o mundo, no fundo, são persistentes e fiéis. Para azar dos homens, claro.

      Um ano também com saúde e bem estar.

      Abraço

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  2. Os tempos e o mundo não são persistentes, são apenas fiéis aos homens. Estes sim, são persistentes.

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    1. Talvez seja assim, talvez os tempos e o mundo sejam fiéis aos homens e estes sejam persistentes. Ou talvez os homens sejam infiéis e volúveis. Ou talvez sejam tudo isso umas vezes e nada disso outras.

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