O chumbo de ontem do orçamento não foi um mero chumbo orçamental - aliás, o primeiro na história da democracia portuguesa -, mas uma decisão de separação que põe fim à possibilidade das esquerdas terem um projecto comum. A solução de 2015 tinha trazido para a área da governação PCP e BE, tinha-lhes aberto uma fresta. Não que estivessem muito interessados nisso. Gostavam da situação de estar fora e dentro ao mesmo tempo, mas como não consta que sejam gatos de Schrödinger, aquele gato que estava vivo e morto ao mesmo tempo, a coisa tornou-se impossível. É provável que António Costa os tenha posto entre a espada e a parede. Se querem louros, então há que sujar as mãos naquilo que há de desagradável na situação de Portugal. Preferiram saltar para fora do concubinato. Se fossem gatos de Schrödinger, dir-se-ia que tinham escolhido estar mortos, mas não são. Isso, porém, não assegura que estejam vivos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.