José Manuel Espiga Pinto, Terra Marcada n.º 2, 1971 (Gulbenkian) |
Dorme
a noite no centro da terra,
trevas
de carvão no esplendor da loucura.
A
música enfeixada no cobalto do dia,
um
ritmo perpétuo no chão do verso.
Oiço
o som secreto, respiratório,
a
sílaba ardente da água mineral.
Um
vento perplexo, côncavo de luz,
desce
como fogo no vazio das grutas.
Sobem
rumores na sílica do mundo,
galerias
e túneis rompem a rocha
presos
ao estandarte rugoso da mágoa.
Sobre
o linho rasgado na dor da terra,
no
negro horizonte onde a luz se apaga,
adormecem
anjos cansados da noite.
Abril de 1993
[Conjunto
de três poemas pertencentes à série Cânticos da Terra Amarela]
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