2. O desafio americano. A desistência de Joe Biden da corrida presidencial abriu uma janela de esperança para aqueles que na América e na Europa defendem a democracia liberal, o Estado de direito e a aliança militar entre os EUA e os europeus. Contudo, Kamala Harris enfrenta um enorme desafio, num país onde os preconceitos sexistas e racistas têm muito peso no momento de votar. Os EUA já elegeram um presidente negro, mas não elegeram uma mulher, apesar de branca. Será que passados 8 anos, haverá força para eleger uma mulher, ainda por cima de origem não anglo-saxónica? Parte substancial da segurança dos europeus está nas mãos dos eleitores americanos.
3. O caso inglês. Os trabalhistas enfrentam um teste político aparentemente inesperado. O assassinato de três crianças por um jovem de 17 anos, filho de pais ruandeses, tem desencadeado, um pouco por todo o país, desacatos promovidos pela extrema-direita, que se tem manifestado com particular violência contra a polícia. Contudo, o número de votos alcançado pelo partido de Nigel Farage deveria ser um alerta para o estado de espírito da sociedade inglesa. O crescimento da extrema-direita por toda a Europa é um sinal da incapacidade das sociedades lidarem com o outro – isto é, aquele que não partilha os traços étnicos e as perspectivas culturais – quando este outro tem uma dimensão tal que o torna visível.
4. A
abertura dos Jogos Olímpicos. Terão os católicos razão para estarem
descontentes com a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris? Mais do
que se pode pensar. Não por causa do suposto macaquear da Última Ceia. O que
está em causa é que toda a concepção da cerimónia se coloca numa visão moral e
cultural contrária ao mundo moral do cristianismo. Não se tratou de uma
cerimónia indiferente aos valores do cristianismo, mas de uma cerimónia que
partiu de valores morais e de uma cultura que se manifesta como se o
cristianismo nunca tivesse existido. Este é o problema que tocou profundamente
a Igreja de Roma.
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