Talvez em 1973, ano em que foi editado o álbum Por Morrer uma Andorinha, as mágoas de
amor já não bastavam para alimentar o fado. Na alma da pátria, nesses tempos,
alguma coisa estava em acelerada mutação. A fixação no passado é substituída
por uma abertura ao presente e ao futuro. Não sem abuso, poder-se-ia ver neste
fado uma alegoria à situação política. O desengano amoroso como metáfora do
marcelismo e da sua invernosa primavera. Em 1973, o país não o sabia
claramente, mas já toda a gente estava cansada do passado, amoroso (uma
metáfora dos costumes) ou político, e tudo se encaminhava, em passo apressado,
para um novo rumo. Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera.
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