O iliberalismo na Europa. As decisões do governo húngaro – e o apoio dado por governantes polacos – sobre os direitos dos indivíduos pertencentes à comunidade LGBTI é um rude golpe no espírito liberal, marcado pela aceitação do direito de cada um a não ser discriminado em função da orientação sexual. As opções políticas dos governos da Hungria e da Polónia há muito que contrariam as regras europeias e são uma clara manifestação do espírito iliberal. O que está em jogo não é apenas os direitos LGBTI, mas a preservação de um espaço de liberdade onde cada um pode, desde que não ponha em causa direitos de terceiros, gerir a vida como bem entender.
Mais estarolices à portuguesa. As duas primeiras figuras do Estado – o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República – acharam por bem aliviar a tensão perante a pandemia. Marcelo Rebelo de Sousa lembrou-se de dizer que com ele não voltará a haver estado de emergência, como se a situação pandémica estivesse controlada e ele fosse o deus que determina o comportamento do vírus. Ferro Rodrigues, excitado por um empate, apelou aos portugueses para que fossem em massa para Sevilha ver Portugal (perder, sabemos agora), como se o vírus não atacasse os adeptos do futebol. Portugal é um país cansativo.
O refúgio da
canalha. O dr. Samuel Johnson é conhecido entre outras coisas pelo dito “o
patriotismo é o último refúgio do canalha”. Até à derrota com a Bélgica,
Portugal foi um refúgio para um patriotismo bacoco, alimentado por uma
comunicação social atoleimada e infantil. O patriotismo pode nem ser o último
refúgio do canalha, entendido este como pessoa desprezível, mas em Portugal é
mesmo o último refúgio da canalha, isto é, de uma população infantilizada e
fascinada pelos saltos e ressaltos de uma bola.
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