Existem múltiplas razões para isso. A pouca formação dos portugueses, tantos dos trabalhadores como dos empresários, uma economia pouco adaptada à competição global ou a necessidade de uma carga fiscal forte para compensar a existência de salários muito baixos e de fraca tributação são razões efectivas para o atraso. Contudo, essas explicações acabam por ter um papel de ocultação do maior obstáculo, e este é de raiz cultural. Essa cultura combina traços muito diferentes, os quais formam uma rede que acaba por tolher a saída de Portugal dos últimos lugares da União Europeia. Salientem-se dois desses traços.
Uma parte substancial da população, educada para isso durante séculos, resignou-se a uma vida estreita e pobre. Fica grata se sobreviver, se não tiver de passar fome. A resignação significa falta de expectativas e de um horizonte largo em que os portugueses possam desenvolver as suas potencialidades e expandir as suas ambições. Por norma, os que não se resignam acabam por emigrar. Um segundo traço diz respeito à falta de rigor e de exigência – isto é, de brio – naquilo que se faz. O problema existe na sociedade e é infundido nas novas gerações através das políticas de educação pública. A ideia de ir mais longe, de superação de obstáculos, de rigor no trabalho não está presente em parte significativa dos portugueses. Enquanto aceitarmos a cultura da resignação e da pouca exigência, continuaremos de mão estendida na Europa e a sobreviver, resignadamente, como um dos seus países mais atrasados.
Essas constatações, além de superficiais, carecem de contextualização e de pontos de comparação. A título de comparação e assim à bruta : Após um período de duração semelhante, com transferências financeiras e apoios ainda maiores, como é a situação da Alemanha Oriental (antiga RDA) em comparação com a Alemanha Ocidental (antiga RFA)?
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