Alemanha: os
equívocos do centro. Não há no caso da Alemanha um problema de
representação política ao centro, pois tanto o centro-direita como o centro-esquerda
são fortes. A invasão da Ucrânia, porém, tornou manifesto o equívoco em que o
centro político alemão navegava. Subestimou a ameaça e tratou a Federação Russa
como se fosse uma potência liberal e respeitadora dos valores liberais.
Ninguém, no centro político alemão, dorme de consciência tranquila. Confundir o
desejo com a realidade tem um alto preço. Resta saber que efeitos isso terá no
futuro do centro político germânico.
Inglaterra: a estabilidade do centro. Depois das facécias radicais que conduziram ao interminável drama do Brexit, a Inglaterra voltou ao seu jogo político habitual. À erosão dos conservadores, centro-direita, corresponde o reforço dos trabalhistas, centro esquerda. As sondagens não apontam para nenhum drama, nem se prevê ameaças estruturais à democracia e ao Estado de direito. A estabilidade do centro, na sua natureza bicéfala, é o ponto central da estabilidade democrática.
Espanha e Portugal: o centro coxo. Em Espanha, o centro-esquerda, PSOE, já não consegue governar sem aliança com o Unidas Podemos (UP). O que parece estar a passar-se é que o UP se está a aproximar do centro, numa emulação do Syriza grego. O principal problema vem da direita. Neste momento, não será possível em Espanha um governo de direita sem a inclusão da extrema-direita. Não se prevê, de momento, que o Vox possa seguir uma aproximação ao centro-direita equivalente à do UP, ao centro-esquerda. A situação em Portugal está firme à esquerda, onde o centro é capaz de gerar soluções governativas sólidas. O problema está à direita e o peso que a extrema-direita poderá vir a ter. Por isso, as próximas eleições no PSD são muito importantes para o partido, mas também apara democracia liberal em Portugal.
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