quarta-feira, 8 de abril de 2020

A Casa Esquecida 9

Nicolas de Staël, Desnudo acostado, 1955

Um corpo desliza na falésia doutro.
As mãos correm musgos e sedas,
líquenes polvilhados de cal,
a tília a transbordar de silêncios.

Um cântico nasce-te nos dedos.
Ecoa como um fruto desfolhado
na mágoa vesperal da boca,
na sombra da sombra ao meio-dia.

(1981)

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