Imagem do site da Time Out Lisboa |
A dimensão do 25 de Abril de 1974 não é dada apenas por aquilo que permitiu construir, e o que permitiu construir não foi pouco, mas também por aquilo que substituiu. E o que substituiu não foi só um regime político de partido único, autoritário, com polícia política, prisões políticas, tribunais plenários, assassinatos de oposicionistas, censura (um aparelho ideológico fundamental do regime), purgas nas universidades, uma guerra colonial em três frentes para a qual não se vislumbrava qualquer solução. Substituiu também um país miserável, atrasado, fechado ao mundo, largamente analfabeto, quase desprovido de cuidados médicos generalizados e de segurança social. Um país política, social e moralmente miserável.
As vicissitudes que depois nos trouxeram até aqui – um sítio incomparavelmente melhor, apesar de algumas almas suspirarem pelo ditador de Santa Comba – são o resultado das nossas opções feitas livremente. Não foram impostas. Foram escolhidas eleição a eleição, num sistema eleitoral altamente fiável e nunca posto em causa. No regime de Salazar e de Caetano, tínhamos a desculpa – real – de que o que acontecia era imposto através da violência política. O que nos acontece hoje é da nossa responsabilidade. Somos nós que escolhemos – ou nos abstemos livremente – os políticos e os programas que nos governam. A nós se deve o mérito e o demérito das opções. Essa foi a maior, mas também a mais pesada, conquista de 25 de Abril, a liberdade e a responsabilidade pelas nossas opções.
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