terça-feira, 19 de abril de 2022

A persistência da memória (11)

Alfred Stieglitz, The Terminal, 1893

Temos a estranha ilusão de que o tempo passa cada vez mais rápido, que existe uma aceleração do calendário. Essa fantasia nasce não porque o tempo se tenha acelerado, mas porque nós nos movemos muito mais depressa e as solicitações a que temos de responder são cada vez mais. É na conjugação da mobilidade crescente e do aumento das solicitações que nasce a sensação e o sentimento de que os dias, os meses e os anos são cada vez mais curtos. Essa sensação e esse sentimento são uma forma de protesto contra a realidade em que a vida se transformou e estão enraizados numa experiência arcaica da lentidão e num desejo inconsciente de imobilidade. 

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