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Gertrude Käsebier, Blossom Day, 1904-05 |
terça-feira, 31 de maio de 2022
A persistência da memória (14)
domingo, 29 de maio de 2022
Nocturnos 80
sexta-feira, 27 de maio de 2022
A Garrafa Vazia 89
quarta-feira, 25 de maio de 2022
Beatitudes (53) O horizonte aberto
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Ansel Adams, Road after Rain, Northern California, 1960 |
segunda-feira, 23 de maio de 2022
Ensaio sobre a luz (93)
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Max May, Kalter Rauhreiftag, 1908 |
sábado, 21 de maio de 2022
A submissão
Se os europeus estão alinhados com os americanos, isso deve-se, em primeiro lugar, ao facto de terem interesses comuns. Os governos europeus, eleitos democraticamente, têm manifestado consecutivamente o seu interesse na cooperação com os EUA, não por submissão, mas porque acham que é benéfico para os respectivos povos. Aliás, a presidência de Donald Trump e a ameaça do fim da NATO e de ruptura com a Europa deixaram em pânico não poucas capitais europeias. Além dos interesses económicos e militares há outro motivo. Entre europeus e americanos há um fundo comum, uma cultura e um modo de vida partilhados. Esse modo de vida assenta na liberdade, na possibilidade de cada um dirigir a sua vida do modo como entende. Por muito realista que se seja na análise das relações internacionais, não é possível pôr de lado, na relação entre EUA e UE, esse factor.
Imagine-se, agora, que os países da União Europeia rompiam a colaboração com os EUA. Que se extinguia a NATO e se fechavam as portas aos interesses americanos. Não é preciso muita imaginação para perceber como os povos europeus ficariam à mercê dos inimigos visíveis e dos invisíveis. A Europa tornar-se-ia, de imediato, um rebanho de cordeiros na mira de matilhas de lobos de diversas proveniências. E por muito que os europeus cressem na paz e se mostrassem pacíficos, isso não alteraria o desejo de domínio de terceiros. Pelo contrário. No lugar de submissão aos EUA, Portugal e os países da União têm na aliança com os americanos um escudo que protege um modo de vida que não sendo o do paraíso, ainda assim é o melhor que se encontra por esse mundo fora.
quinta-feira, 19 de maio de 2022
A Garrafa Vazia 88
terça-feira, 17 de maio de 2022
A persistência da memória (13)
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Edward Weston, Hills and Poles, Solano County, 1937 |
domingo, 15 de maio de 2022
Sandel e a roda da Fortuna
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Edward Burne Jones, A Roda da Fortuna, 1883 |
Na entrevista concedida ao jornal Público de hoje, o
filósofo norte-americano Michael Sandel salienta a importância da sorte na vida
dos indivíduos. Faz parte de uma argumentação contra a ideia de mérito, a qual,
segundo ele, está a corroer as sociedades democráticas. As pessoas que alcançam
sucesso na vida estão convencidas de que ele resulta apenas do seu mérito. Isso
é falso. Apesar do talento e do trabalho, no sucesso de cada um há a
contribuição dos outros, a qual é muitas vezes apagada, e também a sorte. Um
dos exemplos dados é o de Cristiano Ronaldo. Não se nega que, no jogador
português, exista muito talento e muito trabalho, mas o seu sucesso não depende
apenas do seu mérito. Depende de muitos factores, onde existe a contribuição de
outros (por exemplo, treinadores) e também da sorte. A sorte, por exemplo, de
ter nascido num tempo em que se valoriza o futebol. Esse talento seria
imprestável no Renascimento.
A estratégia de Sandel é sublinhar que o reconhecimento da sorte no destino dos indivíduos é um factor que pode tornar as pessoas de sucesso mais humildes e de prestarem atenção aos outros e, por certo, às próprias regras do jogo social em que uns são beneficiados e outros prejudicados. O filósofo americano visa, com esta argumentação, reforçar a ideia de bem comum e as próprias comunidades. Os antigos gregos e romanos tinham uma noção muito clara do papel da sorte, da fortuna, no destino das pessoas. Esse papel foi sendo rasurado e a partir do Iluminismo foi visto como uma explicação irracional. Com a globalização e o triunfo do chamado neoliberalismo, os vencedores sociais eliminaram da explicação do seu sucesso a sorte, racionalizando-o como fruto único do seu mérito, esquecendo coisas básicas como o facto de ninguém ser responsável pela sua carga genética, pela sua inteligência ou até pela sua capacidade de trabalhar e de perseverar. Perante os muitos milhões de perdedores, muitos deles apenas vítimas das circunstâncias e de decisões políticas que não podiam controlar, a retórica do mérito tem sido um factor de destruição do consenso democrático e de polarização política entre as elites e as pessoas comuns. Daí o apelo à humildade como o outro lado da sorte.
sexta-feira, 13 de maio de 2022
O progresso moral da humanidade (6)
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Frank Horvat, Beggar, Calcutta, India, 1953 |
quarta-feira, 11 de maio de 2022
Beatitudes (52) O território
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Photoglob Zürich, Rosenlaui with Well & Wetterhorn mountains, 1910 |
segunda-feira, 9 de maio de 2022
A Garrafa Vazia 87
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Paul Ackerman, Andante |
Estremece-me a boca no ranger
dos dentes,
a súbita dor cravada
no arquipélago do coração.
Suporto o ir e vir do látego,
a carne estilhaçada,
traída pela vida,
vergada ao esquecimento.
Aperto na mão a garrafa vazia.
A boca seca, os dentes
tomados pela cárie
aberta no crepúsculo da tarde.
sábado, 7 de maio de 2022
Viagens pelo centro político
Alemanha: os
equívocos do centro. Não há no caso da Alemanha um problema de
representação política ao centro, pois tanto o centro-direita como o centro-esquerda
são fortes. A invasão da Ucrânia, porém, tornou manifesto o equívoco em que o
centro político alemão navegava. Subestimou a ameaça e tratou a Federação Russa
como se fosse uma potência liberal e respeitadora dos valores liberais.
Ninguém, no centro político alemão, dorme de consciência tranquila. Confundir o
desejo com a realidade tem um alto preço. Resta saber que efeitos isso terá no
futuro do centro político germânico.
Inglaterra: a estabilidade do centro. Depois das facécias radicais que conduziram ao interminável drama do Brexit, a Inglaterra voltou ao seu jogo político habitual. À erosão dos conservadores, centro-direita, corresponde o reforço dos trabalhistas, centro esquerda. As sondagens não apontam para nenhum drama, nem se prevê ameaças estruturais à democracia e ao Estado de direito. A estabilidade do centro, na sua natureza bicéfala, é o ponto central da estabilidade democrática.
Espanha e Portugal: o centro coxo. Em Espanha, o centro-esquerda, PSOE, já não consegue governar sem aliança com o Unidas Podemos (UP). O que parece estar a passar-se é que o UP se está a aproximar do centro, numa emulação do Syriza grego. O principal problema vem da direita. Neste momento, não será possível em Espanha um governo de direita sem a inclusão da extrema-direita. Não se prevê, de momento, que o Vox possa seguir uma aproximação ao centro-direita equivalente à do UP, ao centro-esquerda. A situação em Portugal está firme à esquerda, onde o centro é capaz de gerar soluções governativas sólidas. O problema está à direita e o peso que a extrema-direita poderá vir a ter. Por isso, as próximas eleições no PSD são muito importantes para o partido, mas também apara democracia liberal em Portugal.
quinta-feira, 5 de maio de 2022
Nocturnos 79
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Dirk de Herder, Stockholm, 1951 |
terça-feira, 3 de maio de 2022
Simulacros e simulações (34)
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Frank Horvat, Elstree Film Studios, filming Moby Dick, 1954 |