quarta-feira, 28 de maio de 2025

Partido Socialista - uma pulsão de morte

Jean-Michel Basquiat, Riding with Dead, 1988

Se se quer uma prova de que a esquerda está habitada por uma pulsão suicidária, basta olhar para o processos em curso de substituição da liderança socialista. É verdade que, desde há muito, o Partido Socialista perdeu o carácter originário. A única coisa que lhe interessa é a ocupação do poder. Contudo, mesmo nessa óptica é estranho que depois de Pedro Nun Santos, um jovem turco mal preparado e sem qualquer capacidade de penetrar no eleitorado, se entregue nas mãos de José Luís Carneiro, um mestre-escola com o carisma de uma tartaruga moribunda. Perante a futura liderança socialista, os eleitores perguntar-se-ão: por que razão haveremos de votar num PS de Carneiro se já temos o PSD de Montenegro ou de outro que lhe venha a suceder? Não me ocorre nenhum razão substantiva.

O problema, porém, está muito longe de ser este. O Partido Socialista ao mudar de líder como muda de camisa, está apostado numa coisa: evitar a todo o custo discutir as razões que o levaram à queda. Não quer discutir as razões sociais que conduziram a um desencontro entre o partido e a sociedade. Não quer discutir as razões políticas da pesada derrota que sofreu. Fundamentalmente, não quer discutir a própria natureza do partido, da sua estrutura e das suas práticas, tudo coisas que têm levado os eleitores a olhar os socialistas com desconfiança. Este não querer enfrentar a própria realidade - sob o alibi de que isso poderia prejudicar o partido nas eleições autárquicas - é o sintoma de uma doença profunda que atinge os socialistas portugueses, à imagem do que acontece com outros partidos irmão na Europa. Os socialistas tinham escolhido um mau caminho com Pedro Nuno Santos e pagaram por isso. Agora vão mudar radicalmente para que tudo fica radicalmente como está.

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