O filósofo norte-americano David Estlund, numa resposta à ideia de um regime epistocrático (um regime onde o governo estaria na mão dos sábios), argumenta que a participação colectiva produz, tendencialmente, melhores resultados do que uma governação de peritos isolados. Há em Estlund uma aposta razoável na competência da comunidade em fazer escolhas. Contudo, esta aposta tem um problema. Ela é, na verdade, baseada numa apreciação empírica das democracias. Não há uma relação necessária – e a priori – entre decisão colectiva e boa decisão. Podemos mesmo estar a entrar numa fase em que, devido à grande complexidade da vida social, as comunidades, movidas pelo sentimento, a emoção e o ressentimento, façam escolhas péssimas. Os primeiros tempos da nova administração Trump parecem dar argumentos a esta visão. Assiste-se, nos dias de hoje, a verdadeiros testes a essa sabedoria colectiva. E não é líquido que ela tenha nota positiva.
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